Camuflagem - por Maria Estela Ximenes

CAMUFLAGEM

 

            Ela trocou de roupa porque  sentiu que aquela roupa não era  ideal para aquele dia. Precisava de  poucos  detalhes e cores, uma  roupa que fosse capaz de  camuflar. Ninguém precisava  saber que o seu estado de ânimo  não estava bom,  ou vestir-se de preto  sinalizando a sua  melancolia. Para alguns, o preto pode indicar elegância, para outros  luto. Não é preciso anunciar o seu luto interior.

            Decidiu trocar a vestimenta porque sabia  que estava enganando a si mesma, especialmente quando se olhou no espelho e percebeu que era uma personagem no cenário errado.

            No outro dia, a sensação de que errava  novamente na combinação  da vestimenta  surgiu; então  refletiu que quando comprou as  roupas elas    ornavam com o seu físico, eram  dignas de serem admiradas. Questionava a causa do  problema e  qual traje seria ideal para compor os seus anseios. As cores não satisfaziam, os tecidos e as estampas também não, o que vestir?

            Olhou-se  novamente  no espelho e verificou que a sua imagem permanecia a mesma, depois  constatou  que qualquer    roupa que usasse não iria satisfazer o seu gosto. Porque a questão não era a roupa ou o seu corpo, mas a  camuflagem ideal, aquela que não refletisse a sua confusão. 

            Seria preciso  camuflar a sua imagem de tal maneira que nem as roupas notariam o seu disfarce,  e só então   se apresentaria para a sociedade.

            É  a   nudez dos pensamentos que precisam ser resguardadas porque a abundância ou ausência de roupas em um corpo não se comparam aos pensamentos desnudos.   

                  

 

 

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