Cida Pedrosa - por Eduardo Garcia

Cida Pedrosa - por Eduardo Garcia

 

Cida Pedrosa (Bodocó/PE, 1963), poeta e advogada. Publicou Restos do Fim (1982); O Cavaleiro da Epifania (1986); Cântaro (2000); Gume (2005), todos em edição da autora e As Filhas de Lilith (Rio de Janeiro: Calibán Editora, 2009). Participou de várias antologias de poesia e, desde 2005, edita em parceria com Sennor Ramos o site Interpoética. Faz parte de Dedo de moça — uma antologia das escritoras suicidas (São Paulo: Terracota Editora, 2009). Tem textos traduzidos para o francês e o espanhol, e publicações espalhadas na internet e em jornais mundo afora.

É Secretária de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Prefeitura da Cidade do Recife.

 

Água

 

fez da água homem

cada gota

era toque

cada chuva

era chama

cada jato

era jorro

a mulher se fez charco  

  

Na foz                          

Florbela de Itamambuca

 

entrei na foz do rio Itamambuca

franzindo a testa, molhando arrepio

a pele começa a eriçar na nuca

a blusa mostra meus seios com frio 

 

tô me sentindo mais doce que açúcar

tô atraindo emboscada nesse rio

tô rimando tudo, valha-me o cio

ah... quando esse pacu me cutuca... 

 

... escorre pro rio o que corre pro mar

que traz chegando bem perto uma voz

que ao me ver fica assim quieto, sem ar 

 

eu não vim aqui pra ficar só a sós

pra enfiar água em espeto e morenar

moço, vem pro rio desaguar na foz

 

Os emparedados

Cida Pedrosa

Silêncio. Todos dormiam e a tarde de agosto era morna. O vento fazia redemoinho no terreiro e surrupiava os panos estendidos no varal feito de arame. A menina olhava para o branco-cal da parede de taipa e fitava com atenção os buracos existentes. Sobre sua cabeça o barulho hipnótico dos besouros. Aos pés velhas revistas ensebadas pelo tempo. Sentada no chão esperava pacientemente fazendo pequenas bolinhas de papel. 

Zummmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm. Um besouro se aproxima vertiginosamente da parede. Pé ante pé a menina se prepara. O besouro vara o buraco e a menina estanca o barulho com a bolinha de papel. O besouro vara o buraco e a menina estanca o barulho com a bolinha de papel. O besouro vara o buraco e a menina estanca o barulho com a bolinha de papel...  A rede range e o pai levanta. A cama de colchão de palha chia e a mãe levanta. A menina junta as revistas, olha a parede enfeitada com bolinhas coloridas e se cansa da  brincadeira.

 

 

Apesar da sua simplicidade e humildade, é amiga de todos, Cida é dona de uma habilidade excepcional, admirada, muito talentosa.

Conhecida internacionalmente com textos traduzidos para o francês e espanhol é autora de várias obras. Coordena com Sennor Ramos o site Interpoética, onde divulga o trabalho dos escritores locais. Sem dúvida a cultura pernambucana está bem servida onde a literatura deve muito a Cida Pedrosa.

 

 

Pesquisa e Comentários

LUIS EDUARDO GARCIA AGUIAR

Poeta - Escritor - Colunista - Pesquisador - Palestrante - Diretor da UBE PE

 

 

 

 

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