Diferenças e Abismos - por Maria de Fátima Soares

Diferenças e Abismos - por Maria de Fátima Soares

DIFERENÇAS E ABISMOS

 

O som da água do mar, rio, regato, acalma(nos)! O som da água da torneira, ou da fonte, a escorrer livremente inquieta-me. Irrita-me! Faz-me, arrepiar, sem estar frio.

Como será viver no deserto? Comer pó ao pequeno-almoço, tê-lo por sopa ao jantar? Dormir com ele na cama! Brincar, com pó e um ramo? Se existirem ramos, por perto.

Não ver mais que seco. Árido. Nada! Terá o nada (de aridez e míngua), cor? Por certo tem cheiro, estou convicta disso. Tem cheiro de suor. Lixo. Morte. Terá a condição com que se nasce, a ver com azar, ou será que algum néscio divide as almas (numa outra realidade paralela),  quando vêem ao mundo e as distribui por gozo.

 "Tu vais para o mundo a passeio, viverás e esbanjarás rios de água, que poderiam ditar a sobrevivência de outros. E... Tu? Bem, tu vais lá só de fugida. Vês como custa chegar ao outro dia e depois sucumbes, por exaustão de lutar."

Sem nunca ter visto mais nada! Nunca ter aprendido, muito mais. Saber do que se trata estar aqui... Ter água potável, luz eléctrica. Consolas e jogos! Roupa, comida e saúde. Não! Tu... Saberás (só) definir bem, pó! Estômago, a roncar "colado às costas." Moscas e larvas. Fétido e febril.  

O som da água do mar, rio, regato, acalma-nos! O colo também lho faz (a eles) quando o há. O sorriso, que nos dão sem ter nada de seu, embaraça-nos. Pede-nos, contas! E o amor, que conseguem sentir e oferecer, mesmo que todos lhe roubem tudo e não saibam o que é um "presente," não nos devia deixar passar mais um segundo em paz! 

O som da água da torneira, ou da fonte a escorrer livremente, inquieta-me. Irrita-me! Faz-me, arrepiar, sem estar frio.

Porque cada metro cúbico desperdiçado na “civilização cega” tem implícito, sem podermos ver e contar, um assassinato que se comete. Tal como a comida que rejeitamos, por capricho ou desregra.

Sei que o mundo foi criado com diferenças. De pele, ideologia, crença... mas não percebo, por que se entendeu assim?! Nem o motivo de se condenar à morte, pessoas que nascem, "das diferenças," e se continua, farto de saber que é errado, a diferenciar pessoas. Sem piedade ou consciência!

Depois de todo o castigo à humanidade, a mesma humanidade precisava (ainda) fazê-lo maior, "criando" os abismos?

 

 

 

 

 

 

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