Dores, conflitos e fugas - por Carmen Jacques Larroza

Dores, conflitos e fugas   
 
 

     Segundo pesquisas feitas, estamos vivendo um outro mal do século. O primeiro foi o chamado, por alguns, "morrer de amor". Esse morrer, geralmente era de tuberculose... Morriam sangrando suas desditas em paisagens bucólicas ou lúgubres. Eram boêmios, em sua maioria, para não generalisar, viviam de bar em bar, cantando e chorando seus amores frustrados pelindo auxílio da lua ou das estrelas. Fugiam de si e refugiavam-se nas rimas de seus versos e nas mesas de bar. 

   O segundo "mal do século", o da atualidade, chama-se Depressão. Vivemos uma epidemia. Dificilmente, conversamos com alguém, que não nos conte que "fulano(a)" está com depressão. É uma enfermidade que acaba com o "eu", tornando-o um elemento inútil, desprezível... segundo à concepção da própria pessoa atingida. Só ouve seu conceito.

    As causas variam, desde as mais complexas, até as mais corriqueiras (se é que se pode chamá-las assim).

    As dores das frustrações da vida que leva é uma das causas. Muita gente não sabe lidar com os conflitos que lhe assolam a vida. 

    Devido ao baixo poder aquisitivo do povo brasileiro, buscar ajuda de um profissional torna-se inviável. Afora isso, existe o desconhecimento que leva ao preconceito de: "quem se trata com um psiquiatra é louco." Quem já não ouviu isso? 

    O que resta à pessoa fazer? Valer-se da fuga da realidade para aliviar seus tormentos, insatisfações, baixa auto-estima e medos. Ela busca um mecanismo de auto-defesa, de "me engana que eu gosto" e mergulha no mundo das novelas. Veja-se as audiências atingidas. Nesse mundo, cada um pode ser quem quiser. A sua própria identidade, a sua realidade, ainda que  por uns breves momentos, são "assassinadas", para darem vida ao que deveria ser, mas não é.

    Ao "ressucitarem da morte", procuram manter-se conectados, com a personagem. Se for bonita, mocinha, rica e lutando por um amor impossível, devido ao desnível sócio econômico cultural, melhor ainda para "incorporá-la". O final feliz é a catarse.

    E, assim, entre realidade e sonho, entre a vida  real e a fictícia, entre a miséria da favela e o luxo da mansão, entre as roupas de marca e as remendadas, entre o amor correspondido e o amor bandido, entre a maquiagem e o hematoma vai crescendo ao transtorno psíquico da depressão. Vai serpenteando, apoderando-se de pessoas  e até as matando, quando o desespero chega ao auge. Enquanto muitos depressivos mais se afundam ao presenciarem  seus entes queridos aguardando socorro deitados no chão do corredor de um hospital -  uma realidade corriqueira e  dura -  ainda esperam o próximo capítulo para viajar na felicidade de se deliciarem com os fartos menus, ao invés do pão dormido na mão.

 

 

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