É verdade, sim, senhor - por Carmen Jacques Larroza

É verdade, sim,  senhor   

 

 "É mentira Terta?"

    Essa era a pergunta de uma personagem de Chico Anísio. O seu Pantaleão contava, para alguém, um acontecimento escabroso e impossível de ser verídico  e depois  fazia essa pergunta à esposa que sempre confirmava suas mentiras: - verdade! Esse quadro de humor é do tempo de garrafa de guaraná com rolha. kkk Entretanto, deve ter algum leitor que o tenha assistido. Contudo, essa história, que lhes vou contar, é a mais pura verdade. Acreditem, portanto! 

     Em 1971, houve uma vacinação em massa. Não lembro contra quê. A vacina era com pistola naquela época. Ainda não existia o HIV. No meio rural, era o exército quem vacinava as pessoas. Iam de casa em casa e nos ambientes de trabalho, como por exemplo, granjas de arroz, matadouros...

    Todos andavam assustados e com medo da chamada "pistolada". Temiam, porém se vacinavam e incentivavam aos vizinhos com o famoso "Não dói nada." 

    Certa tarde, os vacinadores chegaram a um matadouro. Dois funcionários (eu os conheço bem), fugiram correndo para o mato. Os soldados corriam atrás chamando:

    - Venham cá, isso não dói. 

    Quanto mais chamavam, mais os dois rapazes corriam. Entraram na mata nativa, que aqui era de árvores espinhentas. Os soldados atrás chamando e eles se embrenhavam cada vez mais mata a dentro. Tinham a vantagem de conhecer, os soldados a desconheciam.

     Os jovens, à medida que adentravam à mata, rasgavam suas roupas. Os espinhos ficaram cheios de retalhos pendurados e  eles com sangue escorrendo. Consequência dos arranhões. Alguns bem profundos, como se fossem cortes. Vendo a incapacidade dos militares alcamçá-los, aquela fuga tornou-se uma brincadeira. Apareciam, ao longe, gritavam "Uhu", esperavam os vacinadores correrem um pouco e fugiam de novo. Passaram cerca de duas horas ou mais nessa brincadeira colorida de vermelho, de trapos e arranhões.  Os pobres soldados também deixaram com as árvores sua pele e e tiras de suas fardas.

    Vendo que seria inútil insistir, vacinaram os outros trabalhadores e foram embora.

    Os fugitivos voltaram em estado precário. Seus colegas riam de suas aparências ao mesmo tempo em que criticavam a atitude dos companheiros. 

Conclusão: curativos, muitos dias de dor e de espera pelo fim do mês, para receberem o salário e comprarem roupas novas.

Pode parecer historinha, mas aconteceu. Não é mentira, não, viu dona Terta?

 

 

 

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