Em entrevista o médico Rinaldo K. Santori, que vem surpreendendo leitores, revela segredos de seu livro Revelações da Câmara Escura

Em entrevista o médico Rinaldo K. Santori, que vem surpreendendo leitores, revela segredos de seu livro Revelações da Câmara Escura

 

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

 

O médico neurocirurgião e acupunturista Rinaldo Koester Santori, de 47 anos, é o nosso entrevistado de hoje. Autor já de cinco livros no Brasil_ recentemente lançou “Revelações da Câmara Escura”(sob o pseudônimo de R.K.Santori)_ iniciou sua carreira literária na Europa, com participação em antologias na Alemanha e publicação de textos na Itália. Nesse último país, inclusive, recebeu duas distinções (Prêmio Marengo d’Oro), em 2002 e 2006. Viagens pelas mais diferentes partes do globo, bem como uma permanência de seis meses num monastério budista, um trabalho missionário e seu casamento na China completam a interessante trajetória biográfica desse autor. 

Vive atualmente no interior de São Paulo com esposa e filha, onde continua exercendo sua profissão de médico e sua atividade como escritor (inclusive com traduções em diversas áreas).

Seus principais focos de interesse, em literatura, são temas como espiritualidade, filosofia, religião, misticismo, poesia.

 

Finalmente, há a associação ainda com a câmara escura de um aparelho de fotografia, e com o poder que algumas pessoas tem de impressionar os filmes com projeções de sua mente. Essa última parte se baseia em fatos reais, pois quem estuda parapsicologia sabe que essas coisas são possíveis.”

 

                        Boa Leitura!

 

Escritor Rinaldo Koester Santori, é um prazer contarmos com a sua participação no projeto Divulga Escritor, para conversarmos um pouco sobre o seu novo livro “Revelações da Câmara Escura”. Conte-nos em que momento pensou em escrever o livro?

Rinaldo Santori - Bom, na verdade, como acontece com a maior parte das obras desse porte (meu livro tem quase 400 páginas), “Revelações da Câmara Escura” foi resultado de um longo processo de gestação e amadurecimento, cujo início, propriamente dito, se perde nos anos, remontando até meus primeiros trabalhos. Mesmo se formos procurar um momento específico, que poderia ter surgido após meu último livro, “A Sexta Hora”, não conseguiria encontrá-lo. Em suma, a coisa se deu de uma forma bem natural. Da idéia inicial que eu tinha_ de “dar um tempo” com a literatura, após meu último livro,_ veio aquele impulso incontrolável, de por as coisas no papel, que todo escritor bem conhece. Daí, junte-se a isso a necessidade de esclarecer para as pessoas alguns pontos_ pois com freqüência me interpelavam sobre assuntos relacionados aos meus livros_ e pronto: comecei a escrever de novo, _“só um pouquinho”, como dizia a mim mesmo_ sem a pretensão de publicar tão cedo....Coisa que nunca acontece, pois depois de terminado o processo de gestação, o bebê invariavelmente pede pra sair. Assim, desse “escrever um pouquinho mais”  nasceu “Revelações da Câmara Escura”, com quase 400 páginas! (risos).  Por outro lado, se dizem que as grandes obras são às vezes escritas nos piores momentos do artista, quando ele mais sofre, então “Revelações da Câmara Escura” foi um livro assim. Pois durante o processo perdi minha mãe e meu pai, numa seqüência de poucos meses, além de ter tido dengue por duas vezes e passado por inúmeras outras dificuldades. Realmente, não foram tempos fáceis, esses dois últimos anos.

 

Como foi a escolha do Título?

Rinaldo Santori - A escolha do título se fundamenta em múltiplas razões. Primeiro, associo a “Câmara Escura” com o subconsciente (que, de fato, nada mais é do que uma câmara escura mesmo, onde colocamos todas as “coisas ruins” de que não gostamos, que não queremos manter na consciência). Isso, por sua vez, veio bem a calhar, pois numa das partes haverá um demônio que vive numa fria a escura adega, debaixo do solo. Além disso, o céu, com seus segredos, também é uma “câmara escura” (e parte do livro se passa também aí). Finalmente, há a associação ainda com a câmara escura de um aparelho de fotografia, e com o poder que algumas pessoas tem de impressionar os filmes com projeções de sua mente. Essa última parte se baseia em fatos reais, pois quem estuda parapsicologia sabe que essas coisas são possíveis. Aliás, foi nesse tipo de propriedade que se baseou, também, um grande sucesso de cinema, na linha do terror (“O Chamado”, ou “The Ring”, no título em inglês).

 

Dividido em 5 partes, o livro trabalha o subconsciente do ser humano, podes nos contar de forma resumida, um pouco sobre o foco, objetivos abordado em cada parte?

 

Parte 1(“No princípio...”): Começo o livro lançando uma idéia: se o homem é a maior das criações de Deus, será que Este não lhe teria destinado viver num planeta maior, à sua altura? Não um “planetazinho qualquer”, o terceiro mais perto do Sol, com uma lua só, mas um outro, mil vezes maior, e com 67 luas? Já imaginou, 67 luas? Pois bem: é isso o que coloco: Deus teria criado o homem em Júpiter, ali teria sido o Paraíso original. Mas, então, após o pecado, o homem foi expulso dali, e posto na Terra (e agora, estamos pecando de novo, criando outra atmosfera poluída para nós). E para garantir que ninguém tentaria voltar a esse lugar, Deus colocou um “fosso de asteróides”, como acontecia nos castelos medievais (esse “fosso” realmente existe, entre Marte e Júpiter), e uma atmosfera venenosa. Mas, com a tecnologia, eis que surge o dia em que uma viagem dessas é possível. Ao mesmo tempo, temos um astronauta que será submetido a um grande stress psicológico, fazendo com que libere certos poderes, um “mal” antigo, de família. Isso por sua vez dará origem a toda uma discussão, que vem na segunda parte.

 

Parte 2 (“Espelho Negro”): Na parte dois, temos a continuidade da história, agora ocorrendo na Terra, mais precisamente junto à costa de Portugal, onde caiu a nave. Todos os tripulantes morreram, restando somente alguns registros de imagem, que mostram coisas surpreendentes (aqui lanço a discussão, nesses tempos de internet, o quanto as imagens que vemos são reais). Disso, os homens serão levados a tomar atitudes, que culminarão com a materialização de demônios (e eles que, então, precisavam dos homens para agir, não necessitarão mais disso...).

 

Parte 3 (“O incubo”): Agora, um desses demônios, materializados na segunda parte, é descoberto. Trata-se do incubo do título. Como todo incubo, claro (isto é, um demônio em forma masculina que induz as mulheres ao pecado), ele acabará se relacionando com uma garota. Aqui temos um trecho que eu considero particularmente bonito, quando o amor de ambos vai mudando a figura dele. Em outras palavras, o amor transforma, literalmente.

 

Parte 4 (“Sangue e Nanquim”): “Sangue e Nanquim” fala a respeito de um livro, mencionado já desde a primeira parte, que vai permeando o texto como se fosse um fio de linha (seria o que os especialistas em literatura chamariam de leitmotiv da obra, o “fio condutor”). Esse livro tem páginas douradas, e é capaz de mudar o destino de quem nele escreve. Mas, para isso, é preciso a pena de um anjo...Trata-se de uma lenda, mas que tomará forma à medida que o enredo se desenvolve. Aqui, o incubo da parte 3, Bernardo, tem um filho, Leonardo. Mistura de incubo com uma humana, Leonardo se assemelharia a Merlin, o grande mago que, nos mitos arturianos, teria a mesma origem. Nessa parte, todas as peças do quebra-cabeças começam a se unir.

 

Parte 5: No final, temos a batalha entre Bem e Mal, e uma discussão sobre o poder da fé (aqui novamente coloco em questão o que vem a ser a realidade. Pois, o que mudou o curso da história, o poder do livro mágico, ou o poder da fé de quem nele escreveu, acreditando em sua magia?). Também faço uso de alguns dados da história de Portugal, e de personagens ilustres de sua literatura_ como Camões e Fernando Pessoa (que, como todos sabem, era ligado ao ocultismo), numa espécie de homenagem. Por fim, há um apêndice, onde exponho as bases do meu pensamento em relação à questão dos demônios. 

 

O que mais o encanta em “Revelações da Câmara Escura”?

Rinaldo Santori - Posso dizer que muitas coisas me encantaram. Pois se trata de uma história complexa, com várias outras histórias concorrendo ao mesmo tempo, e no final consegui fazer tudo se encaixar perfeitamente, criando um texto bastante original onde as várias linhas se entrelaçam (fazendo jus a termo “texto” mesmo, que vem de tecido). Também pude exercitar um pouco minha veia poética, inserindo alguns pequenos poemas no meio da prosa (uma característica que eu uso em outros livros também). Por fim, até o processo de feitura do livro foi empolgante. Pois tive a chance de participar da negociação da imagem da capa, que eu escolhi. A maior parte das pessoas não sabe como se dá esse processo, mas, em curtas linhas, quando o autor da imagem em questão morreu há menos de 70 anos, sua família guarda direitos autorais. Por isso,_seguindo uma tendência comum_ nas minhas obras anteriores usei imagens de Michelângelo, William Blake, Antoine Watteau, que são mais velhos. Mas, agora, fiquei fascinado por essa pintora surrealista espanhola_ Remedios Varo Uranga _ e por sua história de vida, muito semelhante à de minha mãe (como minha mãe, ela saiu de seu país para viver em outro, na intenção de ficar apenas alguns poucos anos. No final, porém, passa toda a sua vida ali, até morrendo no estrangeiro. Também minha mãe e ela são um pouco parecidas fisicamente...ao menos ao meu ver). Assim, fiz de tudo para que esse quadro de Remedios Varo (“Nacer de Nuevo”. “Nascer de Novo”, em português, que tem tudo a ver com o que escrevo  ) fizesse parte de minha capa. E no final, consegui.

 

Escritor Rinaldo, voltando só um pouco ao seu livro “A Sexta Hora” eu o li e fiquei surpresa com a leitura, e penso até hoje, será que quando eu morrer lembrarei do que li no livro? Pois, vou precisar das informações contidas nele.

Rinaldo Santori - Bem, na verdade, quando morremos,_fechamos os olhos, literalmente_  vamos para o inconsciente. E o que há no inconsciente? Aquilo que fizemos repetidas vezes (note-se que o que se faz repetidas vezes torna-se automático. Isso vale tanto para o recitar de mantras quanto para o dirigir: é tudo feito sem que necessariamente tenhamos de usar a consciência) e aquilo que nunca gostamos de nós, nossos erros e falhas (tudo aquilo que, enfim, gostaríamos de esquecer). Assim, é natural que, no “flashback” que ocorre após a morte, nós tenhamos a tendência a dizer: “esse não sou eu”, ou “isso não fui eu que fiz”. Mas aí está justamente o problema: pois rejeitando esse “demônio” rejeitamos uma parte (mesmo que ruim) de nós mesmos. Penso que seria por isso, também, que o catolicismo advoga a confissão. No caso do Budismo, o que os monges tibetanos fazem é meditar continuadamente sobre o assunto. Pois, fazendo isso, acabarão por “inserir” o próprio resultado dessa meditação no subconsciente (não é para lá que vão as ações repetidas?). Assim, quando chegar a hora, não precisarão se preocupar, o ensinamento já estará ali. No meu caso, é o que faço também, é importante não termos medo da morte, nem deixarmos de pensar nela. Não de forma obsessiva, claro, mas natural. Interessante também é notar que, sem o saber, escrevi esse livro para mim mesmo, pois exatamente um ano depois de ter tido a idéia de fazê-lo, começou a seqüência de perdas, que já mencionei.   

 

Pois, nos conte, onde podemos comprar os seus livros, em especial, “Revelações da Câmara Escura”?  

Rinaldo Santori - Meu livro pode ser comprado nas lojas virtuais das Livrarias Cultura, Martins Fontes Paulista e Livraria Asabeça. Também pode ser adquirido diretamente na Editora Scortecci, em Pinheiros (São Paulo). Finalmente, também a pessoa interessada pode entrar em contato direto comigo, pelo meu site (www.rinaldosantori.com ) ou meu E-mail (koestersantori@yahoo.com.br). Terei todo o prazer em atender ao pedido.

 

Escritor Rinaldo Santori, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor seu livro “Revelações da Câmara Escura”. Agradecemos sua participação no projeto Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores?

Rinaldo Santori - A quem é escritor, que cultive seu dom, não esmoreça diante das dificuldades. A quem é leitor, que mantenha seu hábito, pois penso que é através da cultura que se muda uma vida e um país. 

 

 

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