Fátima Veloso

Fátima Veloso

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Maria de Fátima Borges Veloso nasceu na Póvoa de Varzim, onde sempre residiu. Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas – Estudos Franceses e Ingleses. É professora de Língua Portuguesa do Ensino Básico, no segundo ciclo, desde 1986. Trabalha na Escola E.B. 2,3 Cego do Maio onde é também responsável pelas atividades dinamizadas pelo Clube de Teatro, há doze anos.

A paixão pelo ensino da língua materna fez despertar desde o início da sua carreira outra grande paixão: a paixão pela Escrita. Com os alunos, dinamizou projetos de escrita colaborativa, resultando desse processo, a publicação a nível de escola, de três pequenas obras: “Mar, Sempre Mar”; “Num País Chamado «Beiriz» e “Lengalengas, Petas, Letras & Outras Tretas”. Esta última levada à cena, na rua – no Passeio Alegre, na cidade da Póvoa de Varzim, no Carnaval de 2010.

É membro do Varazim Teatro, onde fez algumas formações e do Grupo de Poetas Poveiros e Amigos da Póvoa com o qual participa em encontros onde diz Poesia.

Participou na Antologia dos Poetas Poveiros e Amigos da Póvoa.

Em entrevista exclusiva para o projeto Divulga Escritor, a escritora conta-nos sobre sua trajetória e projetos literários, ela nos dá algumas dicas que une a arte teatral com a poesia. Vamos acompanhar de perto um pouco da nossa escritora Fátima Veloso.

 

SMC - Escritora Fátima Veloso, para nós é um prazer contar com sua participação no Projeto Divulga Escritor, você hoje trabalha com teatro, conte-nos, como é feito o trabalho unindo a arte teatral com a poesia?

Fátima Veloso - Obrigada, Shirley, para mim é um prazer, uma honra, poder participar neste projeto.

No Clube de Teatro que coordeno, os alunos dão vida aos textos de autores portugueses/estrangeiros ora adaptando-os, ora reproduzindo-os, ora cruzando-os com textos de outros autores e outras artes (canto, dança, circo, música …, sendo a Poesia a arte favorita), ora criando os seus próprios textos. O Clube recebe escritores na escola, dramatiza textos, representa peças de teatro, prepara e realiza simulações de programas radiofónicos e televisivos, organiza tertúlias com temáticas relacionadas com o Teatro, a Poesia,  Problemáticas e desafios da Escola  … tendo como convidados professores moderadores, poetas , atores amadores e/ou profissionais, locais. Deste modo, sendo o Teatro, o momento em que as palavras sobem ao Palco  e a Poesia, o momento em que as palavras se desprendem do seu vazio interior para ganharem formas, sentidos, cores, sabores, sons… gritos de alma , verificamos que ambas as artes trabalham a “palavra”, lapidando-a, moldando-a, torneando-a, dando-lhe formas, brilhos e sentidos e que é no palco que ela (a palavra) nos conta emoções… É desta forma, a meu ver, que as duas artes se entrosam, se comprometem, se unem, subindo ao palco para serem ouvidas, sentidas e… aplaudidas. O Teatro e a Poesia são artes da palavra.

 

SMC - Estou curiosa, do que precisamos para realizar um evento unindo o teatro e a poesia. Hoje qualquer poeta pode se programar para realização deste tipo de evento?  O que fazer para realizar um evento deste tipo? Nos dê algumas dicas.

Fátima Veloso - Precisamos de um programa, cujo alinhamento de intervenções, leitura/dramatizações de textos, animação teatral/musical e/ou de canto tenha uma sequência lógica.

Podemos surpreender o público, com uma dramatização/breve representação teatral,  antes de se iniciar as intervenções dos elementos da mesa de honra. Um ou vários atores/diseurs colocados em sítios dispersos, na plateia, dirão um texto em torno da Palavra, da Poesia… ou simplesmente um poema do poeta a apresentar (ou de um outro poeta qualquer). Ou apenas surgir/surgirem sem ninguém contar, entrando na sala declamando, interagindo com o público e com os elementos da mesa. Cria-se assim uma excelente expectativa em relação ao momento que vai decorrer.

Há poemas que resultam bem se forem dramatizados : aqueles que se aproximam de um monólogo ou que contêm diálogos ou cujo tema é abordado com ironia, revolta, inconformismo…

Alguns poemas que escrevo têm uma vertente pedagógica. Nestes, os “atores-diseurs” recorrem a adereços e à interação uns com os outros, para dizerem os poemas. É tudo uma questão de criatividade.

 

SMC - Quando começou seu gosto pela escrita? Que temas você aborda, hoje, em seu trabalho como escritora?

Fátima Veloso - A leitura e a escrita sempre me fascinaram, mas só aos 16 anos é que resolvi transpor para o papel as minhas emoções. Escrevi 70 poemas de Amor e Desilusão, num caderno A4 que acabei por perder. Desiludida com esta perda, desisti de escrever.

Contudo, a  paixão pelo ensino da língua materna e os projetos de escrita que desenvolvi com os alunos, despertaram de novo aquele prazer de escrever que há tanto tempo estava adormecido. Por volta dos 33 anos, voltou aquela necessidade de exprimir novamente as minhas emoções através da Poesia. Desde então até há um ano atrás, a minha Poesia foi uma longa conversa com a gaveta.

O Grupo de Poetas Poveiros e Amigos da Póvoa de que faço parte, após ter tido conhecimento dos meus escritos, incentivou-me e apoiou-me na sua publicação. O livro foi apresentado pela primeira vez, no dia 19 de maio de 2012, no Diana Bar, na Póvoa de Varzim.

No livro  “Para além do Azul “, são várias as temáticas abordadas. Estas oscilam entre a solidão, a saudade, o sentido de perda e de partida, a exaltação dos sentidos, Deus, o Mar, a Paisagem, o cosmos no seu esplendor, a sede de infinito, a elevação do Amor, Fantasia, o meu país…

 

SMC - Você trabalha com projetos em escolas como é feito este trabalho?

Fátima Veloso - Tenho um projeto de teatro há 15 anos: o Clube de Teatro “O Inventão”. Participei na Mostra de Teatro Escolar, na Póvoa de Varzim, em 2005 com a peça “Vem aí o Circo da Lua” e nesse ano animamos a Feira do Livro, em agosto, na rua, também com esta peça (adaptada do conto “O circo da Lua”, de André Gago). Esta Mostra  decorre todos os anos na primeira semana de abril. Em abril de 2014, estaremos de novo na ribalta com uma nova peça.

Com este projeto, animamos a escola em vários momentos do ano letivo para alunos, professores e também encarregados de educação.

O clube também participa em eventos de Poesia fora da escola, quando é convidado.

 

SMC - Fale-nos um pouco sobre seu livro "Para além do Azul". Que mensagem você quer transmitir para as pessoas através do seu livro?

Fátima Veloso - No livro  “Para além do Azul “ , as palavras movem-se, flutuam, segredam… desabafam… nas várias temáticas abordadas. O sujeito poético é um “eu” suspenso que “poetiza” o mundo que o rodeia.

A obra tem uma estrutura própria: entre o 1º e o último poema desenrolam-se desabafos e estados de alma. Estes dois poemas têm a mesma estrutura mas sentidos diferentes; sendo que o 1º poema refere o nosso mundo debaixo deste azul como um mundo de contrastes (Bem /Mal; Dor/Prazer…) Enquanto que  o último termina com uma esperança… como se uma vontade surgisse ao poeta de se abrir ao novo… ao caminho da luz…onde a felicidade afinal é possível… Em todos os poemas se fala do Azul.

Debaixo deste céu azul, que é o nosso mundo terreno, tenho a matéria prima para escrever porque é aqui que tudo acontece: momentos felizes, menos felizes, desilusões …  Para além deste Azul, fica o meu espaço psicológico, aquele onde eu encontro a Paz e a inspiração para escrever, para criar, para refletir… para sonhar… É “Para além deste Azul” que eu encontro as legendas – as palavras- para as imagens e emoções que vivencio debaixo deste céu que é meu e de todos os que me rodeiam…

Com este livro pretendo levar as minhas emoções e o meu fascínio pela palavra a todos quantos me leem e me ouvem. Todos usamos as palavras para comunicar (e mais do que nunca é necessário quebrar silêncios).

Através dos meus poemas, pretendo mostrar que as palavras dizem coisas, contam segredos… provocam-nos; incendeiam-nos, comovem-nos…, informam-nos… despertam-nos emoções … aprisionam-nos nas suas teias de sentidos, enfeitiçam-nos, entranham-se nos nossos ouvidos, na nossa pele, na nossa alma e uma vez dentro de nós, exercem toda a sua magia e encantamento… As palavras estão vivas … e sabemos que nem todas são bonitas… há palavras que nos magoam, que nos doem … mas todas elas “bonitas e feias” exigem a nossa atenção…  exigem-nos reflexão, respostas… ações…

E porque somos um país que escreve, eu pretendo que as minhas palavras de alguma forma contribuam para um mundo melhor.

 

SMC – Escritora Fátima Veloso, pensas em publicar um novo livro? Fale um pouco sobre seus próximos projetos literários.

Fátima Veloso - Gostaria imensamente de publicar um novo livro, sim, Shirley. Este foi o primeiro livro publicado (há um ano); recentemente  participei na Antologia dos Poetas Poveiros e Amigos da Póvoa e continuo a escrever. Quem sabe um novo rebento literário, surja, novamente, sob as luzes da ribalta.

 

SMC - De que forma você divulga, hoje, o seu trabalho?

Fátima Veloso - Divulgo, apenas e simplesmente, em duas páginas do facebook:

https://www.facebook.com/fatima.veloso.56 https://www.facebook.com/pages/Para-al%C3%A9m-do-Azul/176168955851676?ref=hl

e nas apresentações públicas faço, incluindo feiras do livro, escolas, entre familiares, amigos…

 

SMC - Onde podemos comprar o seu livro?

Fátima Veloso - Na livraria Locus, na Póvoa de Varzim e através dos seguintes endereços:

www.wook.pt

www.bertrand.pt

fatimaveloso@sapo.pt

 

SMC - Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário em Portugal?

Fátima Veloso - São publicados diariamente 40 novos livros, em Portugal. Com tantos novos autores, o mercado fica sufocado. É, por isso, quase impossível, um autor desconhecido singrar num espaço tão exíguo.

Contudo, uma das características mais importantes em qualquer autor que esteja a iniciar a sua carreira deve de ser a perseverança, insistir sempre, e acreditar na liberalização (clandestina) do mercado livreiro, naquelas pequenas editoras independentes, que continuam a apostar em novos autores, fugindo descaradamente à regra cardinal da mera comercialização. A melhoria essencial que posso apontar para este mercado, é a  de deixar estes editores proliferarem, deixá-los em paz a fazer o seu bom trabalho, para que assim, também os autores se possam  sentir seguros fazendo o deles.

 

SMC - Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação no projeto Divulga Escritor, muito bom conhecer melhor a Escritora Fátima Veloso, que mensagem você deixa para nossos leitores?

Fátima Veloso - Obrigada mais uma vez, Shirley, pela oportunidade que me foi dada em participar neste projeto.

Aos leitores direi que leiam. Deixem-se envolver no encantamento das palavras e seus sentidos, dos autores consagrados e menos consagrados do nosso país e dos países de expressão de língua portuguesa. Um país que lê, é um país que não esquece as suas raízes, a sua identidade. É um país informado que usa a palavra como arma na procura da justiça, da  liberdade, do desenvolvimento... da sua  felicidade.

 

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