Na Casa de Vovó Margherite - por Margarida Lorena Zago

Na Casa de Vovó Margherite - por Margarida Lorena Zago

Na Casa de Vovó Margherite

                                                           (Lorena Zago)

 

“As lembranças da infância saudável, dosadas de brincadeiras diversas, interagindo com as roupagens da natureza, são simplesmente fantasiosas  e doces de recordar”( Lorena Zago)

 

Era verão...

As férias de janeiro prometiam um longo passeio, na casa de vovó Margherite.

Ela morava em um sítio, que era fantástico, em seu cenário.

Uma imensa colina verde perfilava até  a casa ladeada de flores, de cores exuberantes, sensivelmente perfumadas e delicadas ( Madressilvas e Frésias).

Nos fundos da casa corria um tranquilo rio,  cujas águas compartilhavam, com as grandes e pequenas pedras, o curso natural do rio.

Tudo era perfeitamente cuidado por vovó Margherite.

O capim que ladeava as margens do rio era podado e retirado, para deixar as margens bonitas.  As pedras que sobressaíam das águas, eram escovadas para que não criassem limo e, assim, evitava-se o perigo de uma queda, quando se brincasse nas cristalinas águas do rio.

Vovó Margherite acordava às 5 horas, para ordenhar as vacas.

Quando seus netos passavam as férias em sua casa, ela cantava músicas de acordes matinais, para que tivessem um bom dia e acordassem felizes, para tomar café e após brincarem em volta da casa, ou correrem soltos e livres pelos pastos.

Os tempos em casa da vovó deixavam lembranças maravilhosas e saudades!

A comida era feita no fogão a lenha, com dedicação e carinho.

 Muito gostosa! Sempre com gosto de quero mais!

As aulas terminaram, o natal chegou e as férias de janeiro assinalaram  a tão esperada viagem rumo à casa de vovó.

Assim, os pais  de  Marcos,  João, Pâmela e  Jordana,  acordaram-nos cedo e o rumo apontava a casa da vovó Margherite.

As crianças estavam eufóricas! Arrumavam suas malas, cantando e correndo, para chegarem logo ao destino tão aguardado. A festa, a alegria das crianças contagiava a todos. Ao chegarem ao destino gritaram eufóricos.

-- Viva vovó e vovô!!!

-- Eba!!! Viemos passar férias em sua casa, vovó Margheritte --- Gritou João

-- Desejamos montar os cavalos, vovô Pedro – Manifestou Lucas.

-- Nós queremos ouvir as histórias de vovó Margheritte!

-- Anunciavam em coro Jordana e Pâmela.

Os dias passavam com grande euforia e muita alegria estampada no rosto das  crianças.

O casal de avós preparava, para todos os dias, novidades para que os netos aproveitassem de forma bem descontraída e feliz as suas férias.

Passada uma semana entre brincadeiras, corridas, cavalgadas, banho no rio, rolar e correr pelos pastos, eis que João e Marcos encontraram Mimi, o gatinho de manchinhas brancas e vermelhas, deitado de forma muito triste debaixo de uma árvore.  Correram a chamar o vovô Pedro, para socorrê-lo, mas, quando este chegou ao local, Mimi já havia morrido. Choravam desolados.

-- Isto é muito injusto! –exclamavam inconformadas as quatro crianças.  O dia passou de forma muito triste. As crianças soluçaram por horas a fio a lamentar a morte de Mimi.

Logo à noitinha, após o jantar, sentada em sua cadeira de balanço, vovó Margheritte convidou os netos a se posicionarem  confortavelmente em sua volta para ouvirem uma história esclarecedora sobre a vida.

Vovô Pedro juntou-se às crianças, para ouvir também.

 E assim  começou:

-- Queridos netos, vovó irá contar uma história sobre os ciclos da vida e outros momentos inesperados que vivenciamos.

-- A vida de cada pessoa inicia quando os pais se amam, namoram e se unem através do amor. Deste encontro podem nascer os filhos. Quando o óvulo produzido no ovário da mamãe se encontra com o espermatozóide produzido nos testículos do papai, forma-se no útero da mamãe uma pequena semente que vai crescendo a cada mês e, após nove meses de gestação, no ventre da mamãe,  nasce uma nova vida, um novo ser se faz presente na família .  Assim, na vida do casal, papai e mamãe, a responsabilidade aumenta. Torna-se necessária muita dedicação, amor, diálogo e compromisso para que os pais consigam criar seus filhos, desde bebês, fase da meninice, até a adolescência, tempos em que passam grandes transformações internas e externas em seus organismos. Nestes momentos gostam de isolar-se, dialogar só com seus amigos de maior confiança, tempos em que se manifestam as primeiras paixões. Enamoram-se com facilidade. É um tempo muito bonito, inicia-se o primeiro amor, que os deixa românticos, em busca de músicas, poemas, eventos esportivos, espaços em que  possam  encontrar-se para dialogarem e experimentarem suas primeiras sensações de um amor puro, verdadeiro em suas concepções.  Geralmente escrevem suas aflições, inquietações, descobertas, tristezas e alegrias em seus diários. É uma forma de colocar para fora todos seus anseios e novidades manifestadas e sentidas. Seus corpos são meio desengonçados neste período, mas é normal. Em seus interiores acontecem muitas mudanças, tanto nas meninas, quanto nos meninos. No próximo encontro com vocês, vovó irá falar sobre as transformações, internas e externas, que acontecem de forma gradativa em seus organismos e sensações.

-- Anos mais tarde, tornam-se adultos, fazem suas opções de vida, estudam, procuram um trabalho que satisfaça seus egos, seus gostos. Alguns ficam em seus empregos por muitos anos, outros preferem trocá-los de vez enquanto, por sentirem necessidade de passar por várias experiências. Quando sentem-se maduros, alguns jovens optam por encontrar um companheiro ou uma companheira e casam. Alguns amam-se muito e ficam  juntos por toda a vida. Têm filhos, netos e bisnetos, unem-se sempre em torno do núcleo familiar. Amam-se intensamente.

Outros constituem uma família e, tempos após, descobrem que não vivem muito bem juntos e decidem separar-se.

Este certamente é um momento difícil para o casal e mais triste para os filhos, que se sentem sem a base para continuidade de suas vidas. Passam por momentos difíceis, todos os familiares. É nestes momentos que as pessoas necessitam de muito apoio de seus amigos, para ouvi-los, receber aconselhamentos, abraços de solidariedade, enfim, necessitam sentir que não estão sozinhos, que haverá sempre um ombro amigo para acolhê-los. Mas não há dor e tristeza que dure para sempre. Se bem trabalhados os  momentos de tristeza podem ser preenchidos por pensamentos e ações positivas e, aos poucos, a tristeza é diluída.  

Os pais podem encontrar outros parceiros de vida. A felicidade pode voltar a reinar nas famílias e os filhos poderão encontrar apoio e entendimento nesta nova constituição. Há que haver sempre muito diálogo!

Noutras famílias acontecem outros eventos que podem levar  à grandes tristezas. Como por exemplo: a perda de um membro da família. Podendo ser o pai, a mãe ou irmãos, tios, avós, sobrinhos e um vazio muito grande seguido de profunda tristeza toma conta dos sentimentos dos familiares.

É neste momento que devem unir-se, dando apoio uns aos outros.

Os amigos, mais uma vez, são muito importantes. Têm papel fundamental, para a recuperação da família enlutada.

É aconselhável  que os familiares que lidam com a perda, independentemente quais sejam, busquem apoio espiritual, apoio nos amigos que os compreendem e, aos poucos, procurem participar de movimentos e eventos em prol da ajuda e do bem dos humanos, que por força de suas escolhas, passam outras dificuldades na vida e necessitam de estímulo e amparo para reerguer-se, disciplinar-se, organizar suas vidas.

Existem também inúmeros seres que necessitam de apoio por estarem muito enfermos, crianças, jovens, adultos e idosos, estes com certeza ficarão felicíssimos se receberem atenção de infinitas formas, para cuidar de suas dores e mazelas. Ajudando aos que sofrem mais, muitas vezes poderá  diminui a dor que estamos sentindo. Ameniza o nosso problema.

Há os que são menos favorecidos em compreender a vida e seus parceiros. Outros que não tem condições de dar continuidade aos estudos e ficam aquém do que se faz tão necessário nos dias atuais: Entender-se cidadão, sabendo ler, escrever, interpretar o que está escrito, entender as mensagens que estão por trás de cada registro ou escrito, o que é necessário  para que cada pessoa possa evoluir e ser sujeito de seus próprios atos.

É importante buscar ajuda em grupos de pessoas que produzem movimentos de alegria, através da música, da dança, do canto, de exercícios para o corpo e a mente, pautados em movimentos prazerosos.

Exercitar ocupações que requerem dedicação e motivam o bem-estar.

Participar de grupos que buscam alternativas para o bem da humanidade, contemplando o micro e o macro cosmo.

Outra possibilidade de aliviar as dores da alma é buscar terapias. Os diálogos, as leituras e todas as formas saudáveis de ocupar a mente, podem amenizar a dor da perda, o vazio, a saudade.

A dor ameniza, o vazio é preenchido aos poucos e a falta ainda se faz sentir por algum tempo. As lembranças, porém, permanecem para sempre. Nesta etapa, novas pessoas podem tomar conta dos sentimentos de quem ficou e a vida terá outra cor.

Com boa vontade, coragem, confiança e fé, tudo é possível e a vida poderá voltar a ser muito linda!

Ao terminar sua exposição, vovó Margheritte pergunta às crianças se entenderam o que ela havia terminado de contar.

Neste momento as indagações tomaram conta  e a roda de conversa deu-se durante bastante tempo.

E assim,  muitos outros dias foram palco de diálogos , constatações, novas dúvidas, novos aprendizados...Enfim... O assunto estendeu-se por vários anos na casa de vovó Margheritte...Muitas compreensões foram elucidadas e experiências esclarecedoras se evidenciavam...

A vida constitui-se num contínuo aprender...

 

 

 

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