O Novo, de Novo - por Silva Neto

O Novo, de Novo - por Silva Neto

O Novo, De Novo

                                                                  Silva Neto

 

O homem é passageiro de uma viagem, cujo veículo utilizado para tal é a vida presente. Viaja a velocidade do tempo, em uma única marcha. Por ser mal condutor da vida, costuma apressar sua viagem chegando ao destino sem a bagagem essencial. Ao desembarcar na estação final, tudo ficou disperso no caminho, razão pela qual, sofre, naquele lugar estranho.

A bagagem do sentimento da piedade ficou no assento; da amizade escapou pela janela; do amor não a encontrou ao percurso; da boa convivência o vento arrebatou; das boas ações perderam-se nas curvas do caminho, do amor ao próximo não coube em sua mala de viagem.

Cético destes princípios procura abarrotar sua mala de malquerenças: acumula ódio, inveja, egoísmo, orgulho, ou então, patrimônios materiais, sem se aperceber do quanto à viagem é curta.

Ao chegar do outro lado sente frio, fome e cede de justiça, a mesma justiça que deixou de fazer ao próximo, agasalhando-o, saciando-lhe a fome, matando sua cede, no caminho.

Busca, então, em sua bagagem o sentimento da piedade. Não o encontra, pois, o mesmo ficou esquecido no assento, sufocado pelo egoísmo.

Procura na sua mala um amigo que lhe sacie a fome; mas, encontra o compartimento vazio de amizades sinceras.

Roga aos céus pelo líquido precioso para matar sua sede, e não vislumbra sequer um Oasis no deserto de suas más ações contra o próximo.

Procura consolo nos seus bens: dinheiro acumulado, cartões de créditos, imóveis, suas joias, seus carrões, seus títulos honoríficos e percebe sua mala vazia. Nada disso chegou com ele ao desembarcar.

Ante ao desespero aproxima-se de seus afetos atraído pelos pendores dos que lhe são afins, sendo levados ao vale das sombras, onde haverá choro e ranger de dentes. Lá, permanecem mergulhados na podridão, alimentados de ódio, inveja, egoísmo e orgulho que cultivaram durante o percurso. E de lá, só sairão quando pagarem o último ceitil.

Neste contexto muitos de nós partimos, acusando a pressa do tempo por não termos feito nossas malas adequadamente, onde só precisamos do essencial: amor, carinho, boas amizades, perdão das ofensas, honestidade, respeito, lealdade, sentimento de piedade, brandura e passividade.

O novo, de novo remete-nos aos anos que vem e voltam, na velocidade do tempo, grafados no Calendário Gregoriano, 365 ou 366 dias, e que, em nada nos dá o direito de dizermos:

—O tempo corre mais do que sua velocidade normal.

Afinal, quem adianta o relógio do tempo somos nós.

Email: João.digicon@gmail.com

 

 

 

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