"Saia Justa" no Cemitério - por Mirian M. de Oliveira

 

Antes de vivenciar uma situação em minha família (Conto o milagre, mas não conto o santo!), juro que me incomodava a questão de cercas elétricas e arames farpados em muros de cemitérios, entretanto sempre entendi que há violadores de túmulos e que nem os falecidos conseguem repousar, em um mundo repleto de usurpadores (ladrões, mesmo!). Por gentileza, não interrompam a leitura nesse momento. Faço, apenas, uma breve introdução. Faz muito sentido que um cemitério possua um sistema de segurança... Faz sentido, sim! Só que, depois de um fato ocorrido em minha família (Só poderia ser!) entendi por que colocaram cerca elétrica em “determinado” cemitério, com nome e endereço definidos:  um  local que nunca necessitou de proteção. Há alguns anos, o muro era baixinho e comum, como os de todos os outros cemitérios de cidades pequenas.

Eu poderia brincar com a situação e dizer que muitas almas estão saindo à noite e convém que elas se comportem e não se deem ao desfrute de frequentar “baladas”, visto que já passaram para outro plano... Poderia colocar, nesta crônica também, a questão do aumento da violência em todo o mundo, o que ocasiona a intensificação do processo de vigilância... O fato em si nada nos diz, entretanto, conheci os bastidores da história específica daquele cemitério, razão pela qual deduzi algumas “coisinhas”. Posso até estar errada, mas o fato explica bem o motivo de cercarem os muros do local: aparentemente, pacato, tranquilo... Explico aos senhores e senhoras, que temos aqui uma crônica... A comprovação dos fatos não importa muito! Só sei que, se existem coincidências nesse mundo, essa foi enorme.

Um membro de minha família, cujo nome e grau de parentesco não serão citados, possui já seus 70 anos de idade e  tem como hábito visitar, mensalmente, o local, para limpar e enfeitar o túmulo da esposa.  Fiel ao ritual, o Sr. X ( Vamos chamá-lo assim!), realiza suas orações, coloca flores sobre o túmulo, enfeita-o e reflete sobre o mistério da vida e da morte.

Pois foi num desses dias, que Sr. X empolgou-se: orou muito, enfeitou o túmulo, refletiu bastante sobre os mistérios que transcendem nosso entendimento... Refletiu tanto, tanto... que se esqueceu das horas. O cemitério fechava às 17h e o horário de verão engana bastante. Foi permanecendo... permanecendo...  Quando olhou no relógio: “Nossa! Dezenove horas! E agora?” Olhou para um lado, para o outro,  procurou a Secretaria do Cemitério, rodou todos os corredores... Nada!

“Meu Deus! Estou preso”!

O desespero tomou conta do Sr. X, de tal forma, que ele se esqueceu de “artroses” e “artrites”, escalando, rapidamente, o muro que dava para a avenida...  Como fala baixinho, praticamente, sussurrava: “So-cor-ro... So-cor-ro!” Permaneceu nessa situação estranha por quinze minutos (uma eternidade!), até que três adolescentes abençoados passaram por ali e gritaram:

_ Está com problemas, tio? Quer ajuda?

Que lindo! Num ato de solidariedade, os três meninos se mobilizaram e ajudaram o pobre idoso a pular o muro. Ufa! Foi salvo! Já estava do lado de fora do cemitério e o melhor de tudo é que não quebrou um ossinho sequer.

Quinze dias após o ocorrido, o muro estava, totalmente, cercado e eletrificado. Pura coincidência?! Não sei! Só sei que o Sr. X diminuiu a frequência de visitas ao cemitério, quando vai, leva acompanhante e podemos inferir que de todas as ocorrências dessa vida, podemos tirar situações positivas. No caso específico, podemos citar três: 1ª. Sr. X não enfartou, nem sofreu acidentes./ 2ª. Sr. X não foi confundido com uma “alma penada”, o que facilitou sua saída./ 3. O muro ainda não estava eletrificado, caso contrário, teríamos um morto a mais, o que aumentaria a população do cemitério. Acha que é brincadeira? O caso é sério!

 

Publicado em 26/03/2014

 

 

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