Solidão - por Antonio Eustáquio Marciano

Solidão - por Antonio Eustáquio Marciano

SOLIDÃO

 

Ao pensar em solidão, voltou a minha mente o que senti logo após o dia primeiro de janeiro, quando o jornal Correio publicou em manchete de primeira página que cinquenta e três pessoas tinham perdido a vida nas estradas de Minas Gerais, nos feriados de fim de ano. Ao ler isto, bateu em mim um sentimento de intensa solidão. Sinto-me só porque só eu tenho certeza de que estes acidentes deveriam ter sido evitados. Só eu não consigo compreender porque, em uma semana em que comemoramos o nascimento do Senhor da vida e depois o começo de um Novo Ano, quando queremos renovar nossas alegrias e esperanças, cinquenta e três irmãos e irmãs nossos perdem a vida de modo violento e estúpido. Só eu não compreendo porque tem que haver tanto perigo nas estradas. Só eu não compreendo porque, quando temos os automóveis construídos com tecnologia jamais vista e, por si só, não oferecem nenhum perigo a quem os utiliza; as rodovias, embora não estejam ótimas, estão em estado de conservação há muito tempo não visto, não sendo elas também justificativa para acidentes; as polícias rodoviárias nunca tiveram homens tão bem preparados e que nos inspirassem tanta confiança pela qualidade do elemento humano que as compõem; os meios de comunicação, sejam GPS, telefones celulares, etc, nunca estiveram tão acessíveis; os governos e iniciativa privada estejam investindo tanto em aconselhamento na mídia para que as pessoas saibam se comportar no trânsito, de forma a fugir da tragédia; a legislação esteja tão rígida, notadamente quanto à questão de se misturar bebida e direção; por fim, a consciência da maioria das pessoas que guiam o automóvel seja de que deve se dirigir com cuidado, continue a morrer tanta gente nas estradas. Só eu não compreendo por que a soma de todos estes fatores positivos acabam se fechando numa equação de resultado negativo. E muito negativo. Fico pensando qual elemento poderia ser introduzido nestes fatores, cujo grau de positividade, interferisse definitivamente no resultado final para que também este seja positivo. Nesta hora é que a solidão bate mais pesada. Nesta hora que intuo estar eu condenado a caminhar só por toda a vida. A solidão é ruim, a não ser que ela venha, mas não insista em ficar. Mas no meu caso, ela está querendo morar comigo definitivamente. Mas eu insisto em perguntar: será que há necessidade de tanto automóvel? Será que ônibus, trens, metrôs, bicicletas não seriam melhor para a nossa mobilidade? Talvez, gostemos muito de andar de carro. Então, como tudo na vida tem custos, não seria o caso de montarmos nova equação? Ou seja: alargaríamos nossas rodovias que teriam muitas faixas de tráfego, as de ida estariam bem afastadas das de vinda. Haveria uma sinalização bem clara e visível. O policial teria autoridade de verdade e emitiria multas pra todo e qualquer infrator. Qualquer pessoa poderia fotografar ou filmar infração de outrem com o celular que todos nós carregamos e enviar às autoridades que analisariam. O custo disto tudo? O custo seria rateado por quem quer usar automóvel que ocupa três, quatro ou mais metros quadrados na rua e na rodovia para carregar uma só pessoa. Não seria isto justiça no trânsito? Se assim for, quem sabe, as famílias não venham mais chorar seus entes queridos mortos em acidentes desnecessários e estúpidos. Uma morte já é muito.

 

 

 

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