A cura para a violência não é a Polícia - por Emerson César

A cura para a violência não é a Polícia - por Emerson César

A cura para a violência não é a Polícia

Uma significativa parcela da sociedade parece acreditar que a cura para por fim a violência é mais violência, isto é, mate os bandidos e a violência se acaba, simples assim. Mas já matamos muitos bandidos e a violência não acabou. “Ainda não matamos o suficiente!” Diriam alguns. Eu até fico inclinado a concordar com este raciocínio caso estivéssemos falando em exterminar os bandidos de terno e gravata em Brasília, mas esse não é o caso. A violência das ruas não se acaba com mais violência por parte da Polícia. Isto é fato, basta saber que possuímos há vários anos uma das forças policiais mais violentas do mundo e, no entanto, nossos indicadores de violência só aumentam ano após ano. Inclusive temos vários municípios figurando num ranking internacional das cinquenta cidades mais violentas do mundo.

Matar criminosos pode soar tentador em dias sombrios como os que vivemos, onde a crueldade dos crimes e a sensação de impunidade nos tornam cada vez mais propensos a adotar a Lei de Talião, olho por olho…também acabamos tomados pela mesma sede de sangue que move aqueles que nos feriram, pois achamos que cortar suas cabeças nos trará a tão estimada sensação de justiça. Acontece que enfrentamos um monstro mitológico, cortar sua cabeça só faz crescer outras duas no lugar. Dessa forma nossa racionalidade tem sido traída pela emoção e pelo sentimento de vingança que substitui o ideal de justiça.

Precisamos enxergar que a violência das ruas não é causa e fim em si mesma, pelo contrário, o homem na rua que puxa o gatilho é o efeito colateral de um problema muito mais profundo e complexo, que via de regra encontra-se nos fundamentos da sociedade. Da falta ou carência de uma Educação de qualidade na escola e na família, da falta de oportunidade, dos valores culturais e sociais corrompidos diariamente pela TV e até por nós mesmos, pela miséria, pelo preconceito e pela falta de perspectiva num futuro melhor, e tantas outras enfermidades sociais que estão na raiz dos mais variados problemas do Brasil e do mundo. É na raiz que repousa o agente patológico e não nos galhos contaminados que apenas seguem uma reação de causa e efeito.

Particularmente, não é que eu sinta pena ao ver bandidos mortos, mas até enfrentarmos os verdadeiros problemas à corromper as raízes da sociedade, não fará a menor diferença descer com corpos e mais corpos de bandidos favela abaixo. Outros bandidos virão substituir o defunto, ainda mais violentos e ainda mais distantes da esperada “cura” com a qual sonhamos.

 

 

 

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