A noite
A noite sobrepuja os homens
Deita sobre eles sua cortina escura
Cega os miseráveis, cala a retórica.
A noite corrompe os inocentes
Rasga a cortina da sensatez
Ao som de uma marcha fúnebre.
A noite desmistifica as lendas
Traz a neblina, o vento frio
A dúvida, o medo, a fúria.
Desce a noite a escura
E jaz sobre meu corpo morto
Desce a nostalgia desejada
E jaz sobre minha alma enfraquecida.
Desce os anjos negros, cheios de segredos
Sobre minha cama fazem sentinela
Não encobrem meus medos
Nem amenizam as minhas quedas.
Desce a escuridão trazida pela tempestade
E sobre minha lápide escorre copiosamente
Sem se importar com quem está à frente
Apenas derrama suas águas sobre o nada.
Eliane Reis