A vida pela arte
A limitação que há em mim dói,
é como ferida aberta, não cicatriza,
não fecha, não sara, fragiliza.
A certeza da minha incerteza
é como fel, traz para o peito a dor,
sem ao menos eu perceber,
apenas sinto e minto e disfarço e sorrio.
A ambivalência que me norteia
é feroz, tênue, amiga, distorcida.
Há em mim um círculo paradoxal
que nem eu entendo,
mas que lamento, embora,
às vezes, alimento.
Há em mim tanta nostalgia,
tanta melancolia e rebeldia.
Há em mim o tudo e o nada,
apenas existo e insisto,
e duvido e acredito
e lamento e glorifico.
Sou a certeza de que o paradoxo
não é uma figura de linguagem,
mas um desconcerto em concerto
que há de ser consertado,
é como se a alma quisesse falar.
e não pudesse por medo de sangrar.