Afinal, qual é a verdade mesmo? - por Eliane Reis

Afinal, qual é a verdade mesmo? - por Eliane Reis

Afinal, qual é a verdade mesmo?


Etnia, sexo, religião, padrões e estereótipos perfeitos e complexos: reflexos imaginários de uma sociedade enlouquecida, que se diz, contudo, evoluída, civilizada. Esses são conceitos que acabam estimulando ainda mais uma doença que se alastra perante nossos olhos, o preconceito.
Temos outras urgências, outras carências; perder tempo com julgamentos vis e imbecis só serve para alimentar ainda mais esse estado assombroso de desprezo, bem como nossa vaidade hipócrita.
Sinceramente, algumas perguntas ou atitudes têm o poder de cutucarem minha ira, meu repúdio. Pessoas que só reconhecem como modelo aquilo que o espelho reflete. Ora, chega disso! Por que será que a diferença incomoda tanto? Por que será que paradoxos incomodam tanto, a ponto de um ser agredir física e verbalmente outro ser da mesma espécie? Ora, pertencemos a mesma raça: humana. Cabe a nós atitudes, no mínimo, civilizadas, não obstante agimos muitas vezes como selvagens; não medimos as palavras e nem as atitudes, não importa a quem isso possa atingir, desde que preservemos nosso ego, nosso parâmetro imaculado.
Temos o direito de ir e vir –preservado pela Constituição-, creio que essa premissa nos dá também o direito, inviolável, de amar e viver conforme razão e coração ditarem. Creio que somos livres para agir em conformidade com aquilo que nos faz únicos.
Veja bem, não estou fazendo apologia a nada, assim como não estou também rejeitando culturas ou valores; mas respeitar o outro é uma questão de bom senso, queira você ou não; é uma questão de lógica e isso não torna nem a mim e nem a você um sujeito bom ou complacente, mas uma pessoa normal.
Quem disse que a sua verdade ou a minha é absoluta? Certamente, essa ideologia além de obsoleta, é egocêntrica, caótica e catastrófica. Somos múltiplos e, no entanto, somos um. É na multiplicidade que a vida e a harmonia se entrelaçam. É na diferença que a beleza reside. É na aceitação da legitimidade do outro que eu posso encontrar a paz.
Vivemos em um mundo repleto de crenças e farto de preceitos que ditam isto ou aquilo como forma única e eficaz de felicidade ou sabedoria. Não podemos viver presos a sentimentos ou paradigmas cegos que violam quaisquer direitos humanos. As pessoas mudaram, o mundo mudou. Ainda assim, muitas vezes, somos levados por uma sociedade perversa que isola qualquer perspectiva alheia à sua vontade ou regras.
Outras vezes, somos Césares, lavamos nossas mãos diante do problema que não é “nosso”, não compramos a “briga” do outro, afinal não sou eu quem está condenando, não é mesmo? Cuidado, porém, porque a cumplicidade é uma fatia bem espessa da culpa.
Distanciamo-nos de pessoas por não serem como as refletidas em nosso espelho; não conseguimos, ao menos, dar uma chance a elas, para conhecê-las melhor. Somos tolos! Afastamos pessoas, desprezamos atitudes, vestimos fardas à maneira de soldados cruéis e marchamos. Mas para onde? Que guerra é essa que estamos travando? Contra quem estamos lutando? Guerras sem propósito e sem causa, isso, sim, é que fazemos quando nos armamos de preconceitos e discriminações. 
Respeitar esta ou aquela pessoa, esta ou aquela opção de vida, não faz de mim e nem de você um herói, esta atitude deveria estar no cerne de nossas condutas diárias. Respeitar o ser humano, é respeitar a vida, é sobretudo respeitar a natureza de cada um. Não, devemos atirar pedras, elas podem ter outras funções mais poéticas e mais construtivas; não podemos continuar amarrados a grilhões que sacrificam sentimentos alheios para que os nossos prevaleçam. Não podemos obrigar as pessoas a usarem máscaras durante uma vida inteira só para satisfazer terceiros. A felicidade tem pressa, a vida tem pressa.
Então, meu caro, não me venha com perguntas imbecis ou afirmações distorcidas sobre respeito ou diferenças, porque a minha verdade e a sua verdade não valem mais que as dos nossos semelhantes, são apenas diferentes e, honestamente, a diferença não me amedronta.

Eliane Reis

 

 

 

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