Ausência - por Eliane Reis

Ausência - por Eliane Reis

Ausência

 

Despedi a noite triste
disse “Vá e não resista!”
Tudo pronto pra mais um encanto.

Mas não é que também se foi a poesia?!
Ela foge de mim, tal como o diabo da cruz!
Foge o tempo, fica o vento,
não há como escrever!

Falta um breve sentimento
desprovido de alegria ou ressentimento
falta o verso, falta a rima
falta o acaso e também meu leve fardo.

Falta a tinta na pena, que pena!
Falta a memória que falha
e não há lembrança que me valha
embora a menor dela, daria um poema.

Sinto-me mutilada pela ausência 
em silêncio, vou me despindo
meu vestuário vital é feito lã no inverno
visto verso, visto prosa, uma linha manhosa.

Mas onde está minha poesia agora?
Porque eu, cá, estou completamente nua!
Não tenho um rumo, já despedi a noite, 
resta o céu escuro de mal com a lua.

 

Eliane Reis

 

 

 

 

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