O NATAL DA MINHA INFÂNCIA
A azáfama começava, logo pela manhã.
O dia passava ligeiro
Na apanha do musgo
No desempacotar das figuras natalícias
Guardadas no sótão.
No canto, o habitual
Começava o trabalho,
Prepava-se o presépio:
A Virgem Maria, S, José e o Menino Jesus
Pastores e rebanhos
A fonte e patos no ribeiro
Flocos de algodão no pinheiro
Caminhantes no passeio nos afazeres diários.
Faltavam os Reis Magos
Que, a seu tempo, chegariam.
À noite, a Missa do Galo,
O madeiro no adro da igreja
Ardia crepitante, com as gentes em redor,
Cantando louvores ao Menino.
Era o tempo de regresso a casa,
Com a ceia à espera
E… a abertura das prendas.