Resíduo noturno
Deus, tenho tantos sonhos!
Pequenos e do tamanho do mundo,
tenho planos refeitos e perfeitos,
sonhos e planos feitos de noite,
feitos do dia, do entardecer.
Trago no meu coração uma pressa
uma fúria mansa de viver.
Tenho, oh, Deus, como tenho
sonhos feitos de lua,
de paradoxos e de cinzas
de nostalgias e esquecimentos.
Anseio o voo sem medo:
a ancoragem da coragem trêmula.
Anseio o fim do dia na colina
na pedra do Arpoador.
Lá, meus sonhos têm asas móveis.
Trago em mim tantas quimeras,
vertigens exatas de passado,
lacunas completas de ontem;
sonhos feitos de presente,
de futuro, quiçá!
Deus, tenho tantos sonhos!
Sonhos tolos e complexos
tão meus, mas tão sem mim.
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