SONHEI-TE NUMA ALVORADA
Minha única paz,
vida, glória, esperança
vontade de amar
embala em ti.
Sem saber caminhar,
a ti me doei.
Nesta amargura, me pranteei
numa realidade e verdade
que não ignorei.
Como sorrir poderei
se o único facto que tenho
é a tua ausência
que me sufoca lentamente,
com lágrimas que escorrem
em mudez,
onde não me vês.
Perguntas me ocorrem.
Sonho! Negrura
a parte de mim, passando?
Apenas tu continuas viva
és a minha força.
Tudo o que sou,
sou por ti.
Sem ti é difícil
ser.
Beijei-te no luar,
sonhei, teu corpo ebúrneo
de diáfano tule vestido,
ao meu encontro
se doando, enternecido.
José Lopes da Nave