Dinheiro rasgado, operado e remendado - por Maria Estela Ximenes

DINHEIRO  RASGADO, OPERADO E REMENDADO

 

                Era um dinheiro imundo, desses que já havia rodado os quatro cantos do mundo. Foi rasgado, operado e remendado, ilegível para qualquer detectador de microrganismos.

            A Tartaruga Marinha imprensa no dinheiro  morreu  contaminada por tantas bactérias e seus restos mortais eram visíveis apenas com uma lupa.

            Não era possível  ler a frase Banco Central do Brasil, porque as letras estavam  embaralhadas. Dinheiro irreconhecível, mas  reivindicado.

            De valor insignificante, ainda assim, ninguém o desprezava. Seria disputado se ficasse exposto no chão.

            Dinheiro detonado e que detona – remete a canção de Caetano Veloso: “Da força da grana que ergue e destrói coisas belas.” Aliás, destrói mais do que constrói.

            Dinheiro suado, furtado.

            Dinheiro na mão não  é só vendaval; é papel nojento, imundo.

 

Do livro Um pindaíba nunca está sozinho

 

 

 

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