A carta
“Quantas vezes já peguei-me pensando em ti, no seu sorriso, no seu olhar, seu jeito de falar, o carinho que me dava, a alegria da sua companhia, seu abraço, seu cheiro, seu sabor. Peguei-me chorando por um desconhecido, por alguém que nunca me amou de verdade, e hoje, restam só saudades e lembranças de uma paixão vivida intensamente, de um amor que não aconteceu.
O vazio chega a minh’alma sem avisar, é a grande angústia que vivo. Sinto meus dedos tocando sua pele macia, sinto minhas mãos acariciando seu rosto, lembro-me do beijo em sua face, depois deslizando para sua boca, sentia o céu ali pertinho de mim e não reconhecia.
Ora, nunca entendi isso que sentia por ti, mas sei que fui tão covarde por nunca dizer nada. Talvez até quisesse ouvir, mas não o disse! Hoje isso me atormenta, pois sem mais saiu de minha vida e não sei mais de ti.
Amigos me falaram que andas pelo mundo a vagar, e eu, aqui neste local frio a te esperar, na mesma casa, na mesma cidade, na esperança de que um dia voltes para mim. Hoje acaricio meu travesseiro, abraçando-o, imaginando-te aqui. Aquela música que escutávamos juntos continua a tocar. Paro no tempo e recordo o feliz passado que vivi ao teu lado, aperta-me o coração quando penso que deixei-te partir sem dizer o que sentia.
Nesta tarde chuvosa de inverno, queria ter-te aqui, aquecer-te no calor do abraço, acariciar-te novamente. Partilhar sonhos e desejos! Quem me dera se estiver lendo esta carta que estou prestes a publicar no jornal, nela relato tudo o que um dia vivi, quando ainda tinha-te por perto. Se estiver lendo, me escreva ou telefona, queria muito saber de ti e amar-te novamente.”
Ao ler a carta publicada no jornal, Pedro rasgou-o!