A ti… Que me faltas!!!
Com a mão esquerda massajava a têmpora do mesmo lado, de olhos fechados pensado: Tu não sabes nem imaginas o que é preciso amar, para conseguir, aceitar perder. Nunca é pacífico amar, quando infalivelmente se quer, num querer e mais querer, até não sabermos onde começamos, quem somos, afinal porque nos definimos pelo cheiro, sabor, tacto do outro.
Já não há eu, só tu, tu, tu! Há o ficar, ter, abraçar, beijar, pertencer. Culminar num orgasmo a dois. Celebrar o amor a um só corpo, unido assim, como só o amor e sexo feito com paixão febril, sabe fazer. Como a mordida faz brotar o sangue, mas superior à dor, é o doce da sensualidade que fica. Tu não sabes como é desejar e não dormir, para cambalear sem sono, porque tudo o que era noite e luz ténue, dalguma fresta, se refazia em ti. Na tua imagem! Tu não sabes o que é no breu, chegar ao fim saciada, com nada de táctil, porque te saciaste a ti. Não sabes o que é imaginar e rebentar em pranto, pois o que imaginamos sabe-se, estará a vivê-lo com outros lábios, braços, pernas, abdómen, na impetuosidade da penetração e da loucura do gemido, na prova do cuspo.
Na troca do suor e… Que não é nosso! Tu não sabes. Sabe lá o que é amar, pelo amor de querer sem nada exigir. Nada guardar, ou provar, mas isso chegar, como tudo se tivesse e mesmo assim, sem perspetiva de nada, quere-lo para nós. A ponto de chegar a roubar, magoar, ferir de todas as formas. Matar de toda e qualquer maneira, que resolva, mas se não faz… Pois fica-se só, abraçado a si, mordendo os lábios até fazer sangue, cravando as unhas nas palmas das mãos, com a fronte a latejar e o coração, a gritar! A alma a explodir e a culpa do já não tinha de ser… Não tinhas de ser tu, para ele! Quem te convence? Quem! Que não podia ter dado certo. Ter sido! E porquê? Porque não tem de ser, se foste a primeira. Se tu mais que todas, merecias esse amor, o corpo, tudo! E não tens nada. Ficas gelo. Hirta. Louca. Ausente. Com um maldito ferro em brasa nos olhos e um ponto de interrogação posto, num nome, para sempre. Tu sabes lá quantas vezes é preciso mergulhar e morrer asfixiado. Ser pasto, devorado, pelas chamas do ciúme, da vontade de correr e chegar. Cometer todas as loucuras do mundo, para num só segundo… Por um só segundo, poder estar. Olhar. Inalar o cheiro, embebedares-te com os olhos? Mas não vais! Apesar de fazeres todos os pactos com demónios. Coisas nunca antes vistas! Deixares-te possuir e gerir por todos os monstros, pois… Tens de voltar a ser tu e à superfície. Sair do coração do vulcão, que te consome em cinza, mas és lava pura, que ainda ama! Deseja. Ambiciona e… Tu sabes lá o que é o amor, de amar, que amarga na boca! Definha na cama vazia, de tudo. Podres e abduzidos que nos foram todos os sonhos, quando nem sequer sabes dar valor a quanto amor é preciso, para se perceber, que fomos a causa da felicidade de outrem, que diz amar mais, saber-se tanto e fica com tudo, quando não sabe de nada! Nunca fará a mínima ideia. Tu sabes lá o que é morrer de amor, a cada segundo do dia em que uma faca te esquarteja, lentamente e tu ris, porque não podes fazer mais nada. Só amar e deixar ir, porque amas. O amas acima de tudo e ele nunca foi teu. Ele é livre! Até para voltar, se tivesses sido razão suficiente. Então convences-te com o já não tinha de ser! Mas confessas que é desculpa. Não aceitas! Por isso massajas a fronte com as lágrimas a cair, sempre com a mesma pergunta, como um martelo a chacinar. Porquê? Se não era para ser… Porque Deus te pôs nomeu caminho?! Isto, Deus? Acaso te diverte.
Maria Fátima Soares