Ao que estamos pensando - por Patrícia Dantas

Imagem: do filme O Lobo de Wall Street

Vamos brindar! Ao que estamos pensando! Parece que não faz tanto tempo assim que aprendi essa frase impetuosa e ainda sinto um frenesi ao repeti-la nas minhas noites e dias como se fosse a primeira vez, como um balbucio maldoso ao fundo do ouvido, talvez porque não existem mais os barzinhos e a turma universitária com suas vozes e violões.

Brindemos ao que estamos pensando, então. Nesse momento esta conversa pode enveredar por muitas lembranças marcantes, chocantes, gostosas, avassaladoras. São histórias que poderão adentrar de mansinho nosso eu, nos invadir por completo como uma cólera sem motivos aparentes depois de uma embriaguez inesperada.

Motivos não faltam para levantarmos taças e sorrisos todos os dias, e eles nem sempre estão jogados na cara da gente, muitas vezes parecem agentes secretos envolvidos numa conspiração que envolve cenários, atores, personagens e situações-limite que não podemos controlar dentro de nós, muito menos o exterior delas que fingem o que não são e não possuem comportamentos tão certinhos como imaginamos, extravasam por completo aos nossos pés. Como juntá-los e explodi-los em todas as sensações?

Não querendo estragar os prazeres e as mentes que já estão borbulhando a esta altura, imaginando todas as vezes em que brindei, erguendo sempre as taças com sorrisos que escapavam da alma e um toque impulsivo no coração (quase parando o fôlego por completo), confesso que tudo girava em torno das histórias de cada amigo ou amiga do grupo que revelava algo inesperado, fútil ou tão real que se transformava em dor, podia ser um amor não correspondido, um romance proibido, algo às escondidas. Gostávamos ainda mais do brilho picante dos casos de cada um, da soberba, da volúpia, da luxúria escondida a sete chaves. Era mais que descobrir, era viver junto, sem olhares esperneando de pudor.

O melhor de tudo isso é que nem é necessário tanta curiosidade se também temos uma vida inteira para viver, embora muitos ainda pensem que boa parte dela já se foi – mas para onde? Ela continua aí, entregue para cada um usufruir como bem quiser, não existem tantas regras como parece, é só meter a cara e pronto, estaremos lá, ao alcance da vida, vivendo sem meias palavras, com prontidão, sabendo que estamos nos braços da pessoa certa, às vezes até inventada pelas nossas mais nobres fantasias, o fato é que ela toma forma e realidade, interage, nos fala sobre tudo, possui um repertório sem fim ou limites.

Encontrar motivos para viver intensamente em nossos dias não é tão difícil, eles existem, estão em nossa frente, repousando, provocando, estirados, jogados, afiados, afoitos, cortantes, charmosos, arredios, milagrosos, esplendorosos, saborosos, tilintando, batendo à nossa porta todos os dias, como pedestres bêbados que desejam saber que existem e que existimos também para eles. Podemos brindar assim, à vontade.

 

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publicado em 01/04/2014

 

 

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