Ardem com o acender do sol - por Alvaro Giesta

Ardem com o acender do sol

os vitrais das janelas

da capela onde não entro

 

No interior, catedrais de sonho

e solidão

numa simbiose quase perfeita

com o silêncio e a mirra

 

Ao sol poente

soturnas ladainhas e cânticos

celestiais

retumbam nos claustros sumptuosos

arredando o silêncio das promessas

por cumprir

 

Nos nichos, santos e mártires

segregam ironias

sobre os peregrinos ajoelhados

de rastos a seus pés

 

No círculo das suas bocas fechadas

a reza muda

o acto de contricção

o murmúrio das orações envergonhadas,

 

nos altares continua

a promessa dos milagres por cumprir

 

Tombam

moribundos e silenciosos na laje fria

sobressaltos do espectro da luz…

 

A luz nega-se a entrar envergonhada

no silenciar do dia

nos murmúrios enganosos da capela…

 

Nas ladainhas, as orações que se fazem

apenas por dever,

e as promessas que se juram

na mentira sem remédio

ficam sempre por cumprir

 

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© Alvaro Giesta in "Muralha Inquieta" (a publicar)

Não escrevo segundo as normas do novo acordo ortográfico
https://alvarogiesta.blogspot.com/

 

 

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