As transformações sociais nas concepções dos professores no universo brasileiro - por Fabiana Juvencio

As transformações sociais nas concepções dos professores no universo brasileiro - por Fabiana Juvencio

As transformações sociais nas concepções dos professores no universo brasileiro

 

         A discussão sobre as transformações sociais nas concepções dos professores teve impulso no universo brasileiro a partir de acontecimentos que culminaram na elevância de acréscimo de ocorrências em casos de abuso sexual em adolescentes, com o movimento do enfrentamento a exploração sexual infanto-juvenil, com as denúncias na sociedade e com a violência nas relações sociais, aspectos que trouxeram à tona questões tão antigas como o ser humano. É neste contexto que os educadores são levados a assumir uma postura crítica e política frente às questões sociais enfrentadas. Esta discussão filosófica buscou ir além da explicação, da descrição dos fatos da realidade, para buscar o sentido dessa realidade, seus fundamentos, suas verdades.

         O que fundamenta o debate educacional relativamente ao abuso sexual é algo tão contemporâneo, pela abordagem que agora passa a assumir: a dimensão humanitária vem sendo apontada como mediadora entre a dimensão técnica (tão valorizada na pedagogia tradicional) e a dimensão política (supervalorizada nas tendências filosófico-pedagógicas críticas) (Rios, 1999).

         Para Fleuri (2003. p. 70) a recuperação das culturas no processo educacional coletivo ou pessoal, possibilitarão a interação entre diferentes modos de ser humano. Apresentam também a necessidade de se ampliar à visão sobre Educação intercultural, que não se restringe a uma escola em que convivem sujeitos de diferentes etnias.

         Sabemos que nas escolas, convivem simultaneamente diversas culturas de acordo com: gerações, gênero; classe, a etnia, pertença regional, capacidades físicas e mentais, entre outras. Esta compreensão nos remete a uma perspectiva relacional com o outro. A complementaridade entre mim e o outro constrói uma perspectiva inter-relacional de grande interesse no campo antropológico. Com efeito, o processo de relação em espelho fundamenta a metodologia intercultural. A perspectiva interrelacionista redefine a diferença com uma relação dinâmica não hierarquizada entre duas entidades, dois termos que se atribuem mutuamente um sentido.

         Dessa forma, o espaço educativo move-se por múltiplas conexões entre padrões culturais diversificados que coordenam uma sucessão complexa de tramas de significados. Essas tramas são estabelecidas nas relações entre sujeitos com seus padrões culturais específicos e diferentes, é a substância principal da educação intercultural..

         Assim, é dentro do complexo universo escolar que a perspectiva intercultural da educação pode contribuir para a constituição de mediações críticas e articuladoras no processo educacional e na própria formação de educadores (as).

         Portanto, o papel do ensino consiste então em organizar, facilitar, e, sobretudo, em aperfeiçoar esta troca acordada. As diferenças não podem ser vistas como uma penalização, mas podem ao contrário, tornar-se um enriquecimento mútuo desde que se trabalhe com elas em vez de tentar erradicá-las. Todas as sociedades serão doravante multiculturais, todas as culturas deverão ser iguais em dignidade e, em decorrência desse fato, a opção potencialmente mais rica em termos pedagógicos é aquela da fertilização recíproca. Contudo, não devemos nos esquecer de que as oposições e resistências a esta perspectiva, problemas que deverão ser eliminados, sempre foram numerosos e fortes (por vezes mesmo brutais) ao longo do tempo.

         Por tudo o que foi pesquisado, pôde perceber-se que, talvez, a mais importante forma preventiva a ser adotada é a que pretende ensinar às crianças e adolescentes a se defenderem do abuso sexual, haja vista que as outras formas de prevenção não são capazes de evitar o crime totalmente, mas apenas dificultar-lhe ou diminuir-lhe a incidência. Para isso é essencial que tanto pais e professores sejam preparados para falar e enfrentar abertamente este problema, superando os mitos existentes sobre o tema, e passando os ensinamentos indispensáveis a seus filhos e alunos, a fim de que estes consigam evitar serem vítimas de abusos.

         É de grande valia que a criança ou adolescente tenha sempre um adulto de confiança que possa contar o que lhe está acontecendo ou que possa prestar atenção nos sinais e lhe oferecer proteção em caso de constatação de abuso. É possível que essa seja a mais simples das medidas a serem adotadas, mas também uma das mais difíceis, pois envolve o ambiente familiar e o segredo ali existente. Contudo, na medida em que o tabu do abuso sexual for quebrado, e as crianças e adolescentes puderem ser acautelados acerca dos adultos que lhe podem fazer mal, dentre esses males a prática de abuso sexual, muitos casos poderão ser evitados.

 

 

 

 

 

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