CHEIRA A BAFIO... NESTE PAÌS
Cheira a mofo neste aposento
um cheiro trazido pelo vento
a esta casa, de nome país.
Está!
Está tudo bolorento,
podre, com ar bafiento,
coberto de esverdeado nojento,
quando não foi isto que sonhei,
muito menos, que lutei...
Decerto, o que nunca quis!
Onde andará essa dama?
Não serei só,
quem por si, chama,
desesperada e enfraquecida,
muito pelos desapegos da vida,
tanta traição que dá dó...
Quando pela liberdade, se clama,
e dela, não se vê, mais a flama
apenas nos chega a infâmia
corrupção e ousadia, de todo que a putrefaz!
Ai, miséria envergonhada,
à emigração obrigada,
expulsam-te das galerias
põe-te fora do país,
lançam-te os cães ao caminho
atiram-te leis ao focinho
e tu não tuges, nem muges,
ou pouco já te importa, mugir...
Tanta vaca e tanta teta
que a certos alimenta. A outros só faz carpir.
Recolhe as lágrimas com orgulho...
Meu povo! E faz correr, sangue novo,
dá à lixeira o entulho,
que te traz enclausurado.
Canta! Luta! Solta a bandeira e o cravo
e mostra do que és capaz
Pois cheira a bafio, neste país.
E não foi isto que sonhámos,
nunca aquilo, por que lutámos,
decerto, o que nenhum de nós quis!
Maria de Fátima Soares
Página da colunista
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Publicado em 01/04/2014