CÓDIGO PRÓPRIO
O tempo não minora o sentimento, não macula a vontade. A febre de ti! Não desenraíza a sede dos abraços e a saciedade de cada beijo. O elevado grau de comprometimento e a fidelidade subsequente. Eternamente, presente.
Não ferem, a pele as temperaturas que sobem do morno para o quente. Provocando cada vez mais a lisura da seda, o vício de tocar…
Não se desfaz a verdade das promessas, nem a languidez do sussurro. Subsistes água da minha semente! Terra boa que deu fruto. A colheita, um prazer absoluto. Fazes-te pão da minha fome. Gesto que de tão sensual, me consome e abre como flor em botão.
És! O dono da propriedade que sou, com propriedade! O senhor a quem me baixo, sem que sinta qualquer ponta de humilhação. A tua mão na minha! Os teus olhos em busca dos meus….
As bocas numa só língua entrelaçada. Os corpos em madrugada adiantada, ainda alvoroço de contentamento, repletos… e sem sono! Cansaço, fronteiras, ou barreiras… porque o tempo? Não existe! E a vergonha não nos habita, quando a tua fome a minha fartura, requisita!
Não. Não se minora o sentimento. Não macula a vontade. Momento breve, que faça mais longínquo, o “acontecimento”…
És a carne, que a minha pede! A veste, que lhe fica bem. O orgulho, a que o meu cede. És a água da minha sede! O pão, onde me sustento… na minha vida, a longevidade.
E toda ela se disso se for capaz, vivemo-la, num só momento. Para encetar a seguir novo destino a descobrir!
És-me o gemido e o prazer. O grito e a dor, da vontade de te ter, sem hora marcada. Local propício.
És-me a invenção e o ardil, a gargalhada subtil, quando o juízo se evade e ficamos tão loucos que me envaideço! Intrépidos e ávidos do corpo um do outro. Eu sou sela tu potro, não… alazão. O gozo! A paixão!
A saciedade, na mão quando não nos importa, mais que tactear-nos! A dois preenchermos… na ponta ou laço, dos dedos! Quando sem uma palavra se cruzar, sabemos bem explorar, um do outro, os segredos. Prolongadamente e… sem medos!
Maria de Fátima Soares