Crueldade - por Maria de Fátima Soares

Crueldade - por Maria de Fátima Soares

Crueldade
 

Supostamente quando escrevemos, tantas vezes, não pensamos que alguém  lê. Acontece-me! Acontece-vos. Sinceramente?

Desabafamos, coisas íntimas. Sonhos que temos, amores bem sucedidos, trágicas desilusões. O nascimento do filho, o sinistro que nos tocou, a mágoa lavados em lágrimas, solidários. Sorrisos e reuniões felizes. As férias, o casamento, o adeus. Pomos de nós, mostramos a nossa fragilidade tantas vezes tão envergonhados, que ninguém acreditaria que ao fazermos isto, não estamos realmente a pensar que daí desse lado alguém lê, interioriza, cria empatia... Ou julga e consecutivamente se está nas "tintas". Pior! Pensa que o fazemos para "aparecer". Outros até o usarão para destruir. 

A maioria fica calada. E há aqueles "particulares" que nos mimam. Levantam a moral e dão colo. Tantas vezes o necessitamos. O que nos leva a "falar" aqui, (num blog) não é não ter ninguém em casa, ou ao redor para o fazer... É concretamente este pedacinho de "mundo" que criamos, ser tão específico. Tão nosso!

É nosso, não sendo! Nele ninguém entra, pensamos… Ou quase ninguém! Ao mesmo tempo, revelando-nos desta forma a "porta" está escancarada. A da nossa alma!A da privacidade… A do coração. Daquilo que cada um tem mais precioso e nunca por nunca, deve ser sequer tocado com uma pena. Ridicularizado por uma má acção. Falo da sensibilidade. Da confiança!

Que lhe chamem fraqueza por nos expormos tanto e também gostarmos de escrever. Mas eu chamo-lhe (além de seres sensíveis) que todos mostramos ser... CORAJOSOS! Porque só quem tem coragem ousa expor-se. Ousa abrir-se, deixar entrar "qualquer um" no seu mundo interior. Escrever assim, ninguém se iluda é permitir e ceder... Até eu que digo que ando só! Quero estar, em paz. Preciso da minha privacidade. Não me dobro, ou quero vergar a nada! Gosto do que poucos gostam e me identifico com raros…. Sou teimosa, inconstante. Tantas vezes incoerente, dizendo isto e mais...  Que estou a fazer? A revelar-me! Vergar-me. A abrir-me. Deixar entrar outros... Por vezes tão diferentes de mim, noutros casos, tão iguais, como se gémeos nascidos do mesmo ventre. E não há maior crueldade que isto. SER-SE mal interpretado. Levado, de ânimo leve. Analisado a microscópio por qualquer falha, fraqueza ou preconceito. Somos cruéis sim. Porque ninguém é perfeito! Ou quando abrimos um blog e saímos sem ler até ao fim. O menosprezamos. É desrespeito. Falta de consideração. Não queremos, não vamos lá. Mas sem ler, não se conhece a pessoa. Lendo, mesmo assim, tem de se saber ler bem e nas entrelinhas para a entender.

É crueldades criarem-se grupos e marginalizar outros. Não se faz por mal, mas faz-se. É-o, também, não levar em conta os sentimentos de cada um.  Pensar que são "balelas..." Manias. Vaidades. Tanto de conversa ou especulação. Escrever num blog, mostrar-se, revelar-se no mais profundo, íntimo e secreto é AUDÁCIA! 

É uma ponta de CARÊNCIA também, mas DEFESA pessoal e não só. É PESSOAL e RESTRITO. Defesa dos nossos, porque os protegemos de muito que já "carregam" e não queremos sobrecarregar com os nossos problemas ou dúvidas. E há coisas que não revelamos por serem só nossas. Particulares. E coisas que só se "contam" aos amigos! Se desabafa, pensando estar sozinho e estamos "ligados" ao mundo. Uma palavra de afecto do outro, lado por vezes, faz milagres. Salva, vidas! Um amigo torna-se conivente. Torna-se, irmão! Torna-se... Nós! Tão parecido e convivente connosco. E seria tão bom que isto tornasse eterno. Mas infelizmente tantos se perdem! Tanta desarmonia se fomenta. Para quê?! Dali a nada muitos, já cá não estão e lamentamos… Tarde de mais!

 

Maria de Fátima Soares

 

 

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