Dylan Ricardo - Entrevistado

Dylan Ricardo - Entrevistado

O enigmático e peculiar estilo literário do autor Dylan Ricardo

 

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)

Dylan Ricardo, massoterapeuta e chef de cozinha, é um brasileiro da cidade de Recife, mas cidadão do mundo. Viveu na Palestina e em Montreal, Canadá, país do qual obteve cidadania. Em viagens aos Estados Unidos, Portugal, Inglaterra, Cuba e Cabo Verde, bem como pelo interior de sua terra, Brasil, buscou inspiração para futuras obras, as quais hoje escreve dedicadamente pelas madrugadas.

Escritor e poeta, é autor das obras “No Zênite da Insanidade” (que já se encontra na gráfica para ser publicado), “Mil Poemas e um Suicídio” (este com cem sonetos e um conto, já nas mãos de uma editora), “Contos noturnos” (livro com dez contos de terror, também prestes a ser publicado), “Nas Brumas do Desalento” (com a editora), “Asas de Pedra”, “Do Inferno” e “Estado Terminal” (já publicados), todos com poemas ou contos de inspiração gótica ou ultrarromântica.

 

“Por ser acompanhado pelo demônio da depressão, vejo-me na extrema e desesperada necessidade de externar o que carcome minha essência. Isso serve para abrandar, pelo menos um pouco, o peso de se ser consciente.”

 

                        Boa leitura!

 

Escritor Dylan Ricardo, é um prazer contarmos com a sua participação na revista Divulga Escritor. Você tem um perfil de escrita enigmático, e me arrisco a dizer bem rebuscado. Conte-nos, como surgiu este estilo de escrita poética?

Dylan Ricardo - Eu é que agradeço o ensejo de poder divulgar meus pesadelos escritos. Não posso afirmar que o estilo apenas surgiu, creio que já existia em embrião, desenvolvendo-se pelo valioso auxílio das leituras, e claro, pela compreensão da existência, que evolui com a idade e vivência adquiridas. Alguns afirmam que sou influenciado por escritores e poetas do ultrarromantismo; isso, sem dúvida, é verdade, mas não em sua plenitude. Sou inspirado pela peculiar idiossincrasia que possuo com relação à vida. Quanto a essas magníficas e tristes figuras de outrora, afirmo que partilhamos da mesma dor e dúvidas, e sendo assim, os temas são similares, bem como a forma de retratá-los.

 

“Asas de Pedra”, publicado em 2018, é um desses livros. Apresente-nos a obra.

Dylan Ricardo - “Asas de Pedra” é meu livro mais recente. Nele, estão encravados nacos de minha personalidade sob a forma de cem poemas. Busquei esmerar-me em traduzir sentimentos para expô-los de uma maneira burilada, com certa fluidez, embebendo alguns versos em uma métrica mais clássica. Discorro acerca das decepções naturais trazidas pela existência, sobre as tristezas corriqueiras, sensações de incompletude e inadaptação, perdas e sentimentos de melancolia que nos atacam vez por outra. O lado negativo da psique humana. Trato também da transitoriedade da vida e da sensação de vazio que nos ataca quando finalmente nos convencemos da implacabilidade da morte. A obra foi publicada pela editora Chiado, e também está sendo vendida em Portugal. Já a encontrei em páginas do México, Espanha e até Catalunha.

 

O que denomina como uma “psique profundamente complexa e transtornada”?

Dylan Ricardo - Você cita a apresentação do livro. Escrever, para mim, é uma modalidade de escoamento. Sem o universo presenteado pelos livros e as letras que às páginas derramo, sinto que há muito a insanidade já se teria instalado entre minhas orelhas. Escrever, para mim, é literalmente vital. É por meio da escrita que decodifico e peneiro minhas turbações. Trago às laudas todos os precipícios, florestas e infernos que habitam meus pensamentos. Por ser acompanhado pelo demônio da depressão, vejo-me na extrema e desesperada necessidade de externar o que carcome minha essência. Isso serve para abrandar, pelo menos um pouco, o peso de se ser consciente.

 

Quais critérios foram utilizados para a escolha do título?

Dylan Ricardo - Repetirei aqui a frase final da introdução do livro, ela responde bem a essa pergunta. “E o que significa ter asas de pedra? Significa que o sonho existe, mas é impossível de se realizar.” Este título simboliza não só a consciência acerca do vigor da própria capacidade, mas também da percepção da impossibilidade de pô-la em prática. Há aqueles que sentem em si uma força incomum, um talento diferenciado, mas pelo contexto em que vivem, percebem que tal aptidão poderá se perder. E essa lucidez, sem dúvida, remete o indivíduo a sentimentos negativos. Ter asas de pedra é saber que não se é pequeno, ao mesmo tempo em que se possui a convicção de que a conjuntura impossibilita o crescimento. E isso lembra-me os personagens da literatura russa da segunda metade do século XIX. Estes que são chamados de “homens supérfluos”. Inteligentes, talentosos, mas cujas qualidades de nada valem em uma sociedade medíocre.

 

Apresente-nos um dos textos publicados em “Asas de Pedra”

 

Caixa de música

 

Aprisionada à sua reincidente coreografia

dança a delicada bailarina da face de cera.

Gira os finos braços quais os de uma caveira,

e no alto do solitário palco da caixa rodopia.

 

No cruciante teatro da aflição corriqueira,

que nas frustrações da infância principia,

somos desta triste dançarina uma alegoria

que macilenta aguarda a dança derradeira.

 

E faz-me vivenciar uma perpétua madrugada

o vazio bailar de uma existência domesticada

na qual o que se pode fazer é apenas esperar

 

o indesejado remate funesto do espetáculo

e o permanente claustro do frio receptáculo

da escuridão de nossa caixa ao se fechar.


 

Em que momento escreveu este texto? Comente a criação do texto.

Dylan Ricardo - Não há um momento, o sentimento é constante. O poema se refere não só à transitoriedade da vida, mas discorre acerca do que fazemos com a nossa existência. Fala sobre as repetições que nos automatizam, dissertando sobre a solidão da qual somos vítimas quase que obrigatórias. E tudo isso, recheado com o vazio. O solitário palco da caixa é a vida. Sendo o cruciante teatro da aflição corriqueira, o dia a dia. O poema fala sobre a revoltante inutilidade de atos recorrentes que não levam a parte alguma, tal se o ser humano fosse apenas uma marionete da aceitação alheia. A bailarina está encarcerada à sua caixa, assim como estamos a determinados comportamentos que limitam nossa liberdade de ser quem verdadeiramente somos.

 

Além de “Asas de Pedra”, você tem outros dois livros publicados. Apresente-nos as obras:

 

“Do Inferno” – Este foi meu primeiro livro. Nele, me considero um tanto “verde”, apesar de expor com certa destreza, sentimentos engasgados. Como sempre, mergulho na psique, buscando explorar suas áreas mais sombrias. Há nele a tentativa de organizar uma emotividade tempestuosa, no sentido de passar mensagens mais organizadas acerca dos sentimentos. É um livro nutrido pelo desespero e amamentado pela tristeza.

 

“Estado Terminal” – Neste já mostro mais amadurecimento. Do primeiro para o segundo, uma avalanche de livros me ajudou a organizar as ideias com mais agudeza, fato que me possibilitou externar pensamentos de maneira mais clara. Nesta obra os pavores mesclam-se às revoltas, e em uma orgia de emoções, a solidão copula com os equívocos, partejando um conteúdo voltado a traduzir brados emanados dos abismos da alma.

 

Quais os principais objetivos a serem alcançados por meio dos livros publicados?

Dylan Ricardo - Sinceramente não penso em objetivos concretos. Eu apenas escrevo. Vomito o que meu cerne esbraveja. Se de alguma forma a mensagem for entendida, tanto melhor. Como eu, sei que existem muitos que se percebem diferentes. Nem melhor, nem pior que outros, apenas apartados da mediocridade, tal se por acidente, houvessem nascido na época errada. Quiçá no planeta errado. Meus livros são para os que não se adaptam, são para os conscientes do absoluto desconsolo no qual está embebida a condição humana. Escrevo para os que, como eu, sentem-se perdidos em um mundo voltado para a insensibilidade. Costumo a dizer que vivo em outra época, sou um oitocentista perdido em um contexto tecnológico que massifica e desumaniza.

 

Onde podemos comprar os seus livros?

 

ASAS DE PEDRA e ESTADO TERMINAL

https://www.livrariacultura.com.br

 

ASAS DE PEDRA

https://www.chiadobooks.com/livraria/asas-de-pedra

 

DO INFERNO e ESTADO TERMINAL

https://www.culturaemletrasedicoes.com.br

 

Soube que já temos livros novos no prelo. Apresente-nos, seus próximos projetos literários.

Dylan Ricardo - Tenho três livros publicados, este ano terei mais dois. Até agora, ao todo são treze escritos, sendo um deles com dez contos de terror; creio que este só sairá no ano que vem, como outros também. Espero. E seguirei escrevendo. O problema não é escrever ou publicar, se bem que publicar livro no Brasil é caríssimo. A dificuldade maior é vender. Não percebo interesse de ninguém. O autor tem que se virar para divulgar sua obra. Sorte é quando ele encontra um bom editor que realmente compra a briga. Isso me aconteceu com a editora Cultura em Letras Edições, do livro “Do Inferno”.

Se eu escrevesse só com a finalidade de vender, seguramente já teria desistido. Eu escrevo por necessidade. Por puro desespero.

 

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor o escritor Dylan Ricardo. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores?

Dylan Ricardo - Desenvolvam o seu senso crítico, não se deixem levar pela imbecilização. É muito importante cultivar a consciência. Vocês têm um cérebro, cuidem bem dele. E para finalizar, faço um apelo, deem chance ao novo escritor, muitos têm realmente o que dizer.

 

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