ESCREVER
Escrever. Uma paixão, sem dúvida! Uma, que antes, quando éramos pequenos ou mais jovens escondíamos de todos, ou maior parte e que uma vez descoberta, por algum atrevido ou mesmo intruso, nos fazia perdemos a calma. Fazer uma cena feia. Deixar de falar com a pessoa. Ficar vivamente comprometida(o) perante um mundo, que nos levantava o véu, ao que tão sigilosamente mantínhamos só nosso!
Escrever era particular. Solitário. Privado. Era... Sagrado! Profanar esse segredo, seria roubar-nos a alma! Destruir o mais preciso "brinquedo" que nos obrigara a um sacrifício desmedido para manter intocado.
Hoje... Continuamos a escrever! E curiosamente muitos de nós indignamo-nos pelo inverso. Que muitos, ou boa parte, nos ignorem. Não, nos leiam. Não se manifestem sobre o que está escrito e outrora, seria impensável partilhar.
Ficamos frustrados. Julgamo-nos, um zero. Vamos ao fundo! Mas por que será tão importante sermos lidos e acompanhados na actualidade, quando lá atrás, dávamos e fazíamos tudo, para fugir desta partilha? Sinceramente, não sei! Tampouco se escrevíamos melhor por ser "anónimo" e nosso, ou se hoje melhorámos porque todos o podem discutir.
E será isso bom?! Tanta... Exposição que traz infalivelmente fragilidade? Continuo a saber a resposta, talvez, mas a guardá-la para mim.
E continuo a escrever. Quer seja lida ou não! Goste-se, ou menos do que produzo. Sem aquele entusiasmo, muitas vezes de antanho e basta desilusão, no presente. Algumas, atitudes escusadas que presencio, mas isso... Será sempre fruto do atrevimento. Do corajoso acto, que alguns consideram "pormo-nos" a escrever. Da vontade de amputar sonhos, pela parte de outros, só por que entendem que não deverão deixar os outros fazê-lo?
Sei, lá! Afinal... Não tenho resposta cabal!
Maria de Fátima Soares
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