ESPELHO
( autora: Ana Maria dos Santos )
Tenho um semblante circunspecto.
Coração ilhado.
Todo amor atravessado em mim.
Meio sorriso.
Um veleiro à deriva que não sabe onde ancorar.
Dentro dois enigmas:
A ânsia de compreendesse,
E a ânsia de ser imortal.
Dois medos:
O medo da incompletude,
E o medo mortal.
Para explicar-me é necessário
Uma técnica.
Para compreender-me é necessário
Compreender a poesia de Píndaro.
Estou presa num mundo de sentimento,
Ideias, pensamentos.
Não sou música.
Sou Poesia!
Enxergo a iridescência momentânea,
Não apenas a estrutura formal subjacente
Sou um redemoinho profundo
Levo comigo tudo que vejo e gosto.