Falar com os mortos? - por Maria de Fátima Soares

Falar com os mortos? - por Maria de Fátima Soares

FALAR COM OS MORTOS?

 

Há coisas que me "incomodam". Assombram, ou ensombram! Assombram pelo altruísta e belo que o ser humano pode ser. Ensombram, pelo inverso. Não percebo por que quando se gosta de ler alguém, (parte-se do princípio que lhes agrada tanto, que não querem deixar passar em branco), simplesmente não se interage com ele. Faz-se, somente o papel de caçador. Fica-se acoitado "à espreita" até que novas movimentações sejam perceptíveis, não com o intuito de avançar para o diálogo, apreciação ou até mesmo crítica, mas... Para estar "actualizado" ao que parece. 

Eu? Não o faço. Por princípio e... Porque, não! E não entendo porque se continua a fazer papel de "corpo presente," em muitos "lados."

Aborrece-me ao ler Camilo, Espanca, Pessoa, Régio, Wilde, Shakespeare. Dostoievski, Kardec e eles não me respondem. Teria tanto a perguntar. Do porquê da ideia? Título! Personagens. Do assim e não de outra forma. Principio, meio, até chegar ao fim. Por que também (em muitos), o seu fim foi trágico! Não viram interesse na vida?! Seria que já se travavam de "lutas," contra o que também os assombrava e ensombraria? Falo com mortos! O tempo todo, sem respostas "activas..." Já que os vivos se fazem impossíveis de contactar, dizendo que comunicam. Talvez!

Talvez o façam sem olhar nos olhos, apertar mãos, esgrimir uma disputa sobre um assunto qualquer, em que se lhes ouça as vozes ao "vivo". Levam-no a efeito através de comunicações "instrumentadas," entre todas as "geringonças" que lhes possibilitam tais conversas. Sobre o que convêm e quem "interessa." Certo é que há quem nos "sobeje" é uma verdade.

Tornou-se raro alguém comunicar, sem interesse. Dar um elogio sem requerer outro em troca, ou mais... "Amigos" Substituíram-se por coniventes e convenientes. O círculo/grupo, passou a ser o "bando!" Hoje as pessoas não se "agregam" por similaridade, mas por metas/pontos a alcançar, o que os faz um pouco "salteadores" de uma "arca" há muito perdida. Um graal enferrujado. Concorrentes de uns jogos da fome requintados, obtusos e perigosos como as suas mentes, em constante "upgrade."

Gosto de falar com os animais. E com os mortos! Devo-lhes imenso. Assumo-me ingrata, porque me mostram, o que com os vivos não aprendo. Dizer que não me respondem, é falso! Ao virar da página, linha abaixo, ou volume seguinte... Lá está a resposta! Sem me pedirem nada. Até que os compre e leia. Nos outros, basta o olhar com que nos "respondem."

 

 

 

 

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