Frank Miller e o pecado da cidade - por Maurício Duarte

Por Maurício Duarte

Um autor norte-americano revolucionário, na mais ampla acepção da palavra.  Dentre muitos sucessos de histórias-em-quadrinhos publicados, (Demolidor, Batman, o Cavaleiro das Trevas, Batman Ano Um, Ronin, Elektra Assassina, 300 de Esparta) talvez Sin City tenha sido o que mais fundo tocou e toca os corações de muitos fãs.

                No dia 25 de junho de 2014 será lançada a publicação Big Damn Sin City.  Uma edição única com mais de 1.340 páginas e capa dura pela Dark Horse Comics com as aventuras A Dama de Vermelho, A Dama Fatal, A Grande Matança, A Cidade do Pecado, o Assassino Amarelo, A noite da Vingança, Balas, Garotas e Bebidas e De Volta ao Inferno (Uma História de Amor).  Isso dois meses antes da estreia de Sin City 2 nos cinemas.

                À parte toda midiatização, estrelismo e burburinho em torno da figura de Frank Miller, ele faz por merecer a fama que tem de ser “durão com os malvados”.   Nesse sentido, Sin City é sua obra prima, em andamento, aliás, já que o autor promete continuar a criar a saga.  O primeiro título da série começou a ser publicado na revista “Dark Horse Presents” em abril de 1991 e acabou em junho de 1992, dividido em treze partes.   Todas as histórias passam-se em Basin City (cidade fictícia de apelido Sin City).

                O essencial em Sin City é que seus quadrinhos estabelecem a mais pura linguagem de história-em-quadrinhos.  Não obstante tenha estreado uma adaptação para cinema de Sin City em 1 de abril de 2005, exista a possibilidade da sua continuação em junho desse ano, como já foi dito e ainda exista outra adaptação; uma série de TV para rodar com o próprio autor e Robert Rodriguez na direção, a linguagem toda de Sin City é, essencialmente, quadrinhística.

                Em Sin City, Cidade do Pecado lançada pela editora Globo, em 1996,  na página 160, vemos Marv (o arquétipo do anti-herói) de costas no banheiro, vomitando “um par de vezes” e nos próximos 3 quadrinhos sua mão pegando o sobretudo, a arma de fogo (sua Gladys, em homenagem à uma das freiras da escola em que ele estudou) e o machado.   Nessa página (que poderia ser um roteiro para uma sequência de cinema também, admito) podemos perceber claramente a sucessão de espaço-tempo típico dos quadrinhos, com o espaço-tempo entre os requadros sendo preenchido pela imaginação do leitor. A preparação de Marv, em silêncio, serve de antecâmera para a página gigante de um requadro só, a 161, na qual Marv está de saída e pede um par de algemas para Gail, que diz, “eu tenho uma coleção delas”.  Ao que responde a outra amiga, “dê as que estão com você, Gail.” O diálogo é a moldura-chave para o clímax da ação que virá a seguir.

                Enfim, esse quadro soturno, noir, de uma história policial violenta, onde o anti-herói é o sujeito mais digno de nota numa cidade corrupta e atravessada por maus elementos, permanece em toda a série.  E Miller consegue estabelecer esse clima com uma narrativa própria onde os personagens não são, nem de longe, modelos de verossimilhança com o real.  O homem que faz a hora, não importa como, nem quando e nem onde, tem o seu lugar garantido na saga de Sin City. 

                Esperemos que os próximos números venham com a mesma carga dramática e o mesmo viés noir e policial que tão bem caracterizaram a criação do autor até agora.  A julgar pelo que vimos, os fãs não terão do que reclamar.

 

publicado em 07/01/2014

 

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