Hoje eu vi a morte passar por mim! - por Daniela Gebelucha

 

            Andando tranquilamente pelas ruas movimentadas de Porto Alegre, voltando do meu trabalho, pensava nas sensações que vivi durante o dia, nas pessoas que encontrei e naquelas que queria ter encontrado.

Ao atravessar a rua, na faixa de segurança, senti algo estranho, um vento gelado soprou naquela tarde quente de verão. Um carro desgovernado vinha em minha direção, atingindo vários carros. Saltei! Um filme passou pela minha cabeça, tudo o que sonhava para minha vida, estava ali nas mãos de um desconhecido, lembrei-me dos melhores momentos da minha infância, do colo do meu pai, do abraço aconchegante da minha mãe, do primeiro amor, das paixões avassaladoras, dos grandes e fiéis amigos, dos sonhos que tinha e ainda não realizei!

Lágrimas rolavam pelo rosto, meu coração estava apertado, sentia minhas pernas trêmulas e sem forças para andar, lembrei-me das pessoas que mais amava, das palavras que ainda não tinha dito, de amigos que nunca mais liguei, dos sorrisos e olhares que nunca mais dei, não conseguia conter aquelas lágrimas que não cessavam, não entendia o que estava acontecendo, me sentia muito estranha, ou melhor, não sei o que sentia e, se sentia!

Aquele movimento de pessoas me atordoava, ouvi a sirene da ambulância cortante, em seguida, policiais isolavam o local, sussurros e gemidos de dor e agonia atormentavam minha alma, que estava inquieta, perturbada e infeliz.

Até que o policial pegou no meu braço e disse:

- Moça, você está atrapalhando nosso trabalho. Precisamos fazer o resgate das vítimas!

E conduziu-me até a calçada. Quando me dei por conta que não era eu que estava embaixo das ferragens. Suspirei aliviada, a vida dava-me outra chance e ao mesmo tempo fiquei triste, pois vi a morte passando por mim, e outra pessoa se fora.

Enquanto observava tudo aquilo, o filme continuava passando pela minha cabeça, chegou o momento! Tomei as decisões mais importantes da minha vida, peguei o telefone, liguei para minha mãe e agradeci por tudo que vivemos, disse ao meu pai, o quanto eu o amava!

Fui retirando-me do local, há uns passos estava em casa. Ainda atordoada com os acontecimentos, acessei a internet, vi inúmeros endereços eletrônicos de amigos que há muito não escrevia, nem os via, comecei a escrever para cada um deles, e falar do quanto eram importantes para mim e como fui feliz ao lado deles. O teclado estava molhado, mas ali continuei por horas. Alguns me responderam instantaneamente, outros, semanas depois, alguns não responderam, e só depois, soube que não estavam mais entre nós.

Mudei algumas atitudes, quando saía do apartamento, passei a cumprimentar os vizinhos, a sorrir para as pessoas e olhar nos olhos delas, até mesmo as desconhecidas, fiz grandes amigos. Descobri que certas coisas acontecem em nossas vidas, para nos tornar melhores, e que às vezes, temos uma segunda chance, passei a agradecer por todas as coisas boas que a vida me oferecia, pelas pessoas maravilhosas que me faziam companhia, pelos sonhos que tive persistência em realizar, pelas palavras que tive coragem de falar, sentimentos que pude revelar. Comecei a olhar a vida com outros olhos, com os olhos do coração, estes sim, enxergam mais longe e mais profundo, foi então, que descobri o quanto era feliz! Não espere a morte passar por ti, para realizar ações que te fazem feliz, pois talvez tu não tenhas a mesma chance que tive: de recomeçar!

 

Autora: Daniela Gebelucha

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publicado em 22/03/2014

 

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