Inaldo Tenório de Moura Cavalcanti - Entrevistado

 por Shirley M. Cavalcante (SMC)

 

Inaldo Tenório de Moura Cavalcanti é um escritor apaixonado pela prosa, pela magia da ficção, pela arte da criação literária como um exercício vital que é renovado a cada dia. A poesia foi sua primeira expressão literária, ainda adolescente, na cidade de Arcoverde-PE. É filho de pais agricultores, nascido na cidade da Pedra-PE.

Livros publicados (poesias): Cúmplices, Assim se Fez, O Recanto Sagrado da Luz e Guardados. Em prosa: Meu Pai e Outros Contos e Paisagens da Janela (contos) e O Colecionador de Cavalos (Romance)

 

“‘Paisagens da Janela, escrito dentro de um hospital a deixar a alma exposta e traçar um caminho que transparece sua janela para a vida. Indico Paisagens para se conhecer uma outra visão da literatura.”

 

Boa Leitura!

 

SMC - Escritor Inaldo Tenório de Moura Cavalcanti é um prazer contarmos com a sua participação no projeto Divulga Escritor, conte-nos, em que momento se sentiu preparado para publicar o seu primeiro livro?

Inaldo Cavalcanti – Foi uma decisão difícil de ser tomada. Eu ainda era imaturo e tinha um certo medo de ser um escritor publicado. A insistência de um amigo me levou a publicar, junto com ele, o livro Cúmplices, escrito a quatro mãos. Foi uma experiência importante para mim, mas não deixou a segurança de preparação para publicar. Não sei se ainda estou preparado. O trabalho, sim, e só por isso que publico. Creio que jamais estarei preparado. É como se fossem caminhos diferentes: o do homem, que gosta da reclusão, do anonimato; e o do texto por ele escrito, que precisa ser lido, que tem vida que pede olhos, que quer viajar pelo imaginário das pessoas e alimentar ideias, criar estradas.

 

SMC - Qual a mensagem que você quer transmitir ao leitor através de seus textos poéticos?

Inaldo Cavalcanti – Não tenho intenção com o que escrevo, especialmente a poesia. Falo da vida e suas complicações, dos descaminhos que a alma trilha, da filosofia e da beleza do ser simples. No meu último livro de poesias publicado, Guardados, em 2010, há um poema intitulado Jardim Suspenso, que diz na primeira estrofe: “Cactos crescem entre as almas/mortas/que velam seus ossos:/os pássaros silenciam nos galhos/secos/em reverência, como a embalar os sofrimentos”. A vida corre, mas não há lição. A arte está sobre a vida, fala por si só: por isso não existem caminhos indicados.

 

SMC - O que diferencia o seu livro “Meu Pai e outros Contos” do seu livro “Paisagens da Janela” ?

Inaldo Cavalcanti – Apesar do estilo ser corrente entre os dois, há, sim, muita diferença nos temas tratados e na linguagem tanto dos narradores quanto dos personagens. Em “Meu Pai”, a vida é mais simples, narrativa mais direta, histórias mais concisas, com um certo humor em algumas contos (mesmo o tema morte já ser tratado em alguns momentos); em “Paisagens”, a linguagem é algo próprio a ela mesma, senhora de tudo. Mas vejamos o que diz o prefaciador (que está nos dois livros): “Diversos são os espelhamentos e desdobramentos deste livro (Paisagens) para com o “Meu Pai”: a potência de lidar com a morte, o que talvez mais sobressaia no conjunto da obra, no aprimoramento das formas”.

 

SMC - Qual o perfil do leitor para os seus livros de contos?

Inaldo Cavalcanti – Já ouvi muitos comentários vindos de diferentes formações; mas creio que os leitores já “afinados” com a prosa trazem uma visão mais apurada das histórias. Não me vejo muito fácil para os infantes, de pouca leitura: mas não vejo nada fácil nesse caminhar literário pela abrangência e profundidade no desenrolar da prosa em cada autor. Espero que esse perfil seja aberto, como um leque, e abranja a todos os sentimentos, todas as almas ávidas pela beleza da viagem.

 

SMC - Como foi a construção do enredo e personagens do seu Romance “O Colecionador de Cavalos”?

Inaldo Cavalcanti – O Colecionador surgiu com S. José, homem de setenta anos que já sente o peso dos pés e da cabeça. As reclamações e o mau humor são marcas presentes em seu dia a dia. Olhando para o cavalo sobre o centro, decide fazer uma coleção. Conhece Julinho – filho de Madalena, que vem fazer a faxina uma vez por semana e que desperta o desejo em S. José – um menino de seis anos, esperto e simples. Depois vem Carlos, novo vizinho que tem a sua idade e é um sujeito extrovertido, risonho e simpático. Sua vida ressurge com o desejo de colecionar cavalos. S. José faz uma viagem pelo viver de um idoso, comportamentos, atividades, questionamentos, sexualidade. Vida que ele já não sabia mais viver.

 

SMC - Conte-nos sobre a escolha do Titulo para esta obra.

Inaldo Cavalcanti – Quando S. José olhou para o cavalo sobre o centro, em sua sala, e viu sua altivez e beleza, percebeu que era exatamente o oposto dele. Então pensou que colecionar espécimes que trazem essa altivez, brilho, opulência, é trazer de volta para sua vida o desejo de recomeçar, ou de retomar seu viver, de desejar à vida. E assim vieram Madalena, agora como mulher, Julinho, a amizade de volta. Acreditar na vida significava, para ele naquele momento de inércia e omissão de sua vida, onde os pés e a cabeça pesavam dificultando seu andar, que era possível viver. E assim o fez. Começar a coleção significou esse recomeço – portanto a ideia central da mudança – decidi por intitular de O COLECIONADOR DE CAVALOS.

 

SMC - Se você tivesse de escolher um livro agora, de sua autoria, para eu comprar, qual indicaria e por que eu vou gostar da leitura desta obra?

 Inaldo Cavalcanti – Paisagens da Janela. Esse livro está recheado de histórias originais, bem tramadas, sem, em momento algum, perder a linha condutora do enredo. Desde o conto Olhos de Suicida, em uma luta telepática com o espelho até o Devaneio, história de uma velha que já desistiu do futuro, por não poder chegar, e quer buscar o passado, mas o caminho é muito longo pela fragilidade de sua mente, pode-se encontrar enredos bem bolados, tramas de linguagem cativante. E, principalmente, o conto que nomeia o livro, Paisagens da Janela, escrito dentro de um hospital a deixar a alma exposta e traçar um caminho que transparece sua janela para a vida. Indico Paisagens para se conhecer uma outra visão da literatura.

 

SMC - Onde podemos comprar os seus livros?

 Inaldo Cavalcanti – Alguns títulos (Guardados, Meu Pai e outros contos e O Colecionador de Cavalos) podem ser encontrados na livraria cultura (www.livrariacultura.com.br) ou na livraria da editora (www.lp-boooks.com). O livro Paisagens da Janela, ainda não se encontra nas livrarias, podendo ser encontrado comigo.

SMC - Quais os principais hobbies do escritor Inaldo Tenório de Moura Cavalcanti?

Inaldo Cavalcanti  – Gosto muito de música (canto em alguns corais) e de livros: a biblioteca é o melhor lugar para me encontrar. O silêncio é um grande atrativo para mim: onde houver, ficarei relaxado.

 

SMC - Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário no Brasil?

Inaldo Cavalcanti – Um olhar mais apurado sobre o que está acontecendo no meio literário e que está fora da mídia, dos escritores já famosos já seria de grande monta. É preciso, também, aproximar o escritor dos leitores jovens através de projetos junto a escolas, bibliotecas, acontecimentos envolvendo a literatura e o universo estudantil fundamental e secundarista. Lá é o tempo ideal para formação do leitor e preparação para aquecer o mercado literário. O espaço também cedido em livrarias para autores ainda não conhecidos é ínfimo, relegado a estantes não visíveis aos visitantes.

 

SMC - Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação no projeto Divulga Escritor, muito bom conhecer melhor o Escritor Inaldo Tenório de Moura Cavalcanti, que mensagem você deixa para nossos leitores?

Inaldo Cavalcanti – Ler sem freio, sem muros, sem preconceito. Ler para descobrir que as portas podem ser abertas para o mundo através da leitura e que o principal enredo é construído pela beleza da leitura: pelo leitor.

              

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