Luisa Ramos - Entrevistada

Luisa Ramos - Entrevistada

Shirley M. Cavalcante (SMC)

 

Nasci no sul do país. Desde cedo percebi que vivia para denunciar os males do mundo, logo depois de ter feito a Faculdade de Letras (Línguas e Literaturas Modernas) comecei a escrever e até hoje não consegui parar de dizer o que vejo e sinto.

Sou professora de português do Ensino Secundário e a minha profissão acaba por ser uma grande «mola» de motivação para o rio da escrita. Nos alunos e na escola em si, encontro matéria para dizer poeticamente o que a sociedade oferece de nefasto.

Em 2001, comecei a escrever para editoras e escrevi dois livros de poesia (Encontrei-me e Lagoa, musa poética).Em 2002 publiquei um conto, Enquanto a Música se chamar Mar e Saudade. Em junho de 2015 publiquei Na Valsa da Vida e Brumas da Memória.

Se a saúde permitir e a vida também, continuarei a dar de beber à poseia e à prosa.

“Dança… dança muito! Faz tudo o que pensas que é necessário para a conquista da felicidade, mas acredita que ela é uma dança bem orquestrada e que portanto faltará sempre uma nota ou um passo para ser bem executada.”

 

Boa Leitura!

 

Divulga Escritor - Escritora Luisa Ramos, é um prazer contarmos com a sua participação no projeto Divulga Escritor, conte-nos, o que a motivou a ter gosto pela escrita?

Luisa Ramos - Desde muito cedo percebi que tinha uma espécie de «olho clínico». Menina ainda, criticava tudo aquilo que me feria a alma: as crianças sem brinquedos e com fome eram as heroinas do meu mundo. Delas falava sempre e com elas queria conviver. Chorava bastante, se me era vetada a hipótese de contracenar com os meninos «pardais de telhado» porque eles eram o muito que eu tinha. Se recebia sorrisos era porque eles me acariciavam diariamente, com um obrigada (encolhido na voz) por lhe ter dado pão, leite e tantos outros alimentos.Também os anciãos tinham a minha visita quase permanente. Os domingos de tarde, eram passados no jardim da minha terra, em dialogo sistemático com os «homens de ninguém». Escutava histórias de encantar de um mundo que eu não conhecia e vivi-as como se fossem minhas. E foram todas estas recordações de criança e estes protótipos que me levaram – mulher feita – a escrever o que a minha alma havia visto, entendido e resolvido denunciar : a Dor de ser Gente!

 

Divulga Escritor - Em que momento se sentiu preparada para publicar o seu primeiro livro solo?

Luisa Ramos - Depois de fazer 40 anos, percebi que em mim existia um «motor» que dava pelo nome de vontade de gritar ao mundo que milhentas coisas iam mal. Professora de português que era (e sou) tive um desejo emorme de passar para o papel o meu encontro com a sociedade e com o mundo. Fi-lo através da escrita, porquanto na Faculdade de Letras, um grande senhor da literatura nacional, o doutor António José Saraiva havia dito que um dia, eu ditaria para o papel uma panóplia de torturas que me dilaceravam a alma. Mãe que era, abri o PC e disse tudo o que via/sentia. Puxei o carro da imaginação, ligei vogais e consoantes e fui dizendo. Ate hoje!

 

Divulga Escritor - Conte-nos como foi a escolha dos Titulos para seus livros:

 

Luisa Ramos - Nas Brumas da Memória – Como já disse anteriormente, desde menina que tinha a «memória» carregada de estórias. Sofria com a falta de apoio aos idosos e às crianças e  com a grande dicotomia POBRE/RICO. A divisão social marcava-me de sobremaneira. Fui, ao longo do tempo percebendo, que muitos sem valor iam trilhando caminho, e que outros sem condição social, mas cheios de potencialidades, iam ficando para trás no Tempo/Vida. A minha memória estava cheia de estórias que me tiravam, tantas vezes, o sono. Quando escrevi sobre a sociedade e o meio, só este título caberia no grande texto, porquanto nele falava de tanta incúria e desilusão que a Memória carregava, que esta mensagem/título era a única que suportaria tal Vontade (passar para o papel a sociedade).

 

Luisa Ramos - Na Valsa da Vida – Percebi desde muito cedo, que a Vida é uma Valsa (dança). Sem a música ela não tem sentido. Tudo na nossa existência é conflito SER/PARECER e ele passa pela consciência de que muitas vezes, tal como diz Fernando Pessoa, é preciso ser-se insconsciente para que se toque na paz e na felicidade (que não existe). Por muito que dancemos, nunca conseguiremos chegar ao alto promontório da conquista, seremos sempre seres imberbes que vivem tentando encontrar-se, mas que a própria sociedade destrói. Dança e Vida casam-se, perfeitamente, pois mesmo que bem executada, a Vida acaba sempre nos entremeios de uma Valsa (nada é perfeito).

 

Divulga Escritor - Qual a mensagem que você quer transmitir ao leitor através de seu livro “Na Valsa da Vida”?

Luisa Ramos - Dança… dança muito! Faz tudo o que pensas que é necessário para a conquista da felicidade, mas acredita que ela é uma dança bem orquestrada e que portanto faltará sempre uma nota ou um passo para ser bem executada. Não acredites que tocarás na felicidade porque ela vive muito longe de ti. Ela é um sonho que mesmo que seja bem sonhado, nunca terá existência real. Olha à tua volta e vê – com olhos de bom observador – o mundo jazendo e suplicando. Vê que nada se consegue na plenitude e que as crianças são as literais vítimas desta sociedade que o Homem deixa apoderecer. Dança, dança mas não «morras, por favor»!

 

Divulga Escritor - Onde podemos comprar os seus livros?

 

Luisa Ramos - A Chiado Editora tem a tutela destas vendas. A Livraria Bertrand também os tem à venda em Portugal e no Brasil. Fica aqui o link: https://www.chiadoeditora.com/autores/luisa-ramos

 

Divulga Escritor - Pensas em publicar um novo livro solo?

Luisa Ramos - Sim. Está já na revisão, um romance onde digo tudo sobre a Vida e o Jogo que ela, muitas vezes enceta, sem pedir licença. A orfandade, a gravidez precoce, os precalços da Vida, neste texto, estão trabalhados com rigor. A Lisboa do século XX é o grande espaço desta Memória, e muitos são ao actores em cena: crianças, famílias, amigos e agentes sociais de toda a espécie. Saiará em novembro/dezembro próximo e tem, de novo, a tutela da Chiado Editora.

 

Divulga Escritor - Quais os principais hobbies da escritora Luisa Ramos?

Luisa Ramos - Ler e escrever. Criar estórias que sejam o anátema para o equilibrio. Conseguiria viver só disto e para isto. Um bom filme faz as minhas delícias e uma viagem planeada com rigor também me obriga a sair de mim para dar espaço ao conhecimento dos outros. Contento-me com pouco.

 

Divulga Escritor - Quais os principais desafios para publicação de livros em Portugal?

Luisa Ramos - Portugal precisa de gente que saiba dizer. Portugal precisa de canetas em punho e de «valsas» tocadas. Eu diria que o mundo precisa de um bom texto (oral ou escrito) para parar para pensar. Urge que se reflita bem para melhor se poder construir o futuro das gerações vindouras. Seria importante que a cultura disponibilizasse mais dinheiro para as Artes, mas como isso, ainda não se verifica, teremos que dispor de nós (do nosso salário) e ofertar à alma, que é nossa, o prazer de gritar na escrita o que gostaria de dizer/ver. Custa muito escrever em Portugal. Ou tens dinheiro e publicas ou ficas na gaveta da emoção e dentro de uma qualquer secretária. Hoje, as redes sociais possibilitam, que te conheçam, mas só isso. Paciência!

 

Divulga Escritor - Como estes desafios estão sendo superados pela escritora Luisa Ramos?

Luisa Ramos - Tenho uma família maravilhosa que me acolhe e que acredita naquilo que digo e na forma como digo. Sou sempre incentivada a escrever e a publicar. Os muitos amigos que me cercam são as grandes alavancas deste processo porque funcionam como trampolim para a minha motivação. Recebo sugestões de temas e até de espécies literárias e todas as mensagens que deixam são alavancas de força para continuar a escrever. A autarquia da minha residência (Câmara Municipal de Almada) também tem sido um grande motor de motivação para o meu rio de escrita. No início da minha atividade de escrita, publiquei em vários sites com especial destaque para o terranatal.com . Depois escrevi para jornais da minha cidade natal e hoje, para além das publicações atrás registadas (contos/crónicas e romance) tennho participado em várias coletâneas de poesia (5). Tenho uma página na web com informação e blogue.

 

Divulga Escritor - Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor a escritora Luisa Ramos. Agradecemos sua participação no projeto Divulga Escritor. Conte-nos em sua opinião o que cada leitor pode fazer para ajudar a vencermos os desafios encontrados no mercado literário brasileiro?

Luisa Ramos - Como em toda a parte, os desafios passam por encontrar formas alternativas à imagem desta revista de cariz internacional que dá a conhecer o nomes dos mais variados autores. Saraus de poesia, tertúlias e afins proporcionam que aquilo que se escreve sofra alguma divulgação. E é muito grato ver-se que, vários grupos de gente boa, vão abrindo editoras novas onde os textos modernos têm encaixe.

 

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