Melchíades Montenegro - Entrevistado

por Shirley M. Cavalcante (SMC)

 

Pernambucano, nascido em 2 de setembro de 1942 na cidade de Catende, Geógrafo com especialização em Solos e Aerofotogrametria, aposentado da Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária – IPA. Escritor, Poeta e Artista Plástico.

Possui artigos, contos, poemas e livros publicados desde o ano de 1973.

Atual presidente, (biênio 2014/2015) da Academia de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro – ALANE, acadêmico da Academia de Artes e Letras de Pernambuco – AALP, da Academia de Artes, Letras e Ciências de Olinda – AALCO e da Academia de Triunfense de Letras e Artes - ATLA. 

Vice-presidente da União Brasileira de Escritores – UBE;

Secretário Geral da Associação Brasileira de Engenheiros Escritores-ABRAEE.

Associado da UBE.

Secretário da Ordem do Mérito Literário JORGE DE ALBUQUERQUE COELHO e Coordenador do Seminário de Historiologia Pernambucana da UBE.

Outorgado com a Medalha da Comenda da Ordem do Mérito Fernandes Vieira do Museu do Forte do Brum – Recife - PE e da Medalha da Ordem do Mérito, Comenda Joaquim Nabuco da Academia Internacional de Letras e Artes, Recife - PE.

Ilustrador de inúmeros livros científicos e literários.

Produtor e ator do filme em Curta Metragem – “TIRO NO PÉ” na cidade de Triunfo PE e participante do Documentário “SERTÃO, SONHO E CINEMA” e do Curta Metragem ‘O SEGREDO DE JACOBINA”.

 

Boa Leitura!

 

Divulga Escritor- Prezado Escritor e Ativista Cultural, Melchíades Montenegro, é com imensa satisfação que o recebemos no projeto Divulga Escritor.

Conte-nos então, partindo do início de sua vida de escritor, em que momento a escrita se encontra com a arte em sua maravilhosa trajetória literária?

Melchíades Montenegro - Fui um privilegiado por Deus em nascer com a alma de artista. Nunca estudei desenho, mas trabalhei mais de trinta anos em cartografia e desenhos iconográficos na Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária – IPA, também não estudei pintura, mas tenho quadros expostos pelo Brasil e no mundo. Quanto a escrever – sempre gostei de contar histórias, daí para passá-las para o papel foi fácil. Inicialmente foram poemas, depois crônicas; então minha veia de historiador revelou-se e me levou a escrever memórias. Da inspiração a fixá-las no papel, foi pura consequência. Hoje diversifiquei me dedicando a ficção.  

 

Divulga Escritor - Poderia falar sobre o perfil e o enredo dos seus livros sobre “Memórias Seletivas”?

Melchíades Montenegro - O que me levou a escrever sobre a Infância e depois sobre a Juventude partiu de um fato ocorrido entre meus filhos e eu. Um dia depois do almoço, eu estava contando uma história sobre um tio avô, quando um das minhas filhas disse não saber de quem estava falando. Descobri nessa hora que era minha obrigação passar para elas e outras pessoas a minha história com todos os personagens que estiveram nela. Na minha mente fiz a ressalva de selecionar sobre quem e o quê. Pessoas e fatos desagradáveis ficaram de fora. Escrevi obedecendo a cronologia dos acontecimentos e enxertando antigas histórias familiares quando tratava de determinado personagem. Durante a elaboração das MEMÓRIAS SELETIVAS – INFÂNCIA, muitas vezes “viajei no tempo” sentido emoções infantis que não sabia ainda existirem em mim. Até o sabor de lanches que me serviam quando menino (rodelas de banana com mel de abelha Uruçu), parecia que os tinha na boca. Nas MEMÓRIAS SELETIVAS – JUVENTUDE, foquei a narrativa no entorno do que acontecia na minha cidade, especialmente sobre seus divertimentos.

 

Divulga Escritor - Você tem diversos livros publicados em diferentes segmentos. O que o influenciou a ter esta diversificação de temas publicados?

Melchíades Montenegro - Realmente não sei. Se um tema me agrada, passo a escrever sobre ele. Gosto muito de aproveitar o que me cerca. Sendo bom observador, não é difícil desenvolver uma narrativa sobre o que vejo. Muitas vezes também acontece uma recordação. Foi o caso do Livro O TEMPO e a FÉ. Conversando um dia com minha amiga Sonia Freyre sobre Santo Agostinho, me lembrei da história que minha irmã Miriam contava na minha infância. Era a que eu mais gostava. Verdadeira ficção científica – Um monge adormece ouvindo um pássaro quando pensava na eternidade de Deus: acorda e são passados 100 anos!

 

Divulga Escritor - Sendo geógrafo, conte-nos como surgiu sua atração, em especial, pela história?

Melchíades Montenegro - História e Geografia são irmãs por natureza. Só existe um fato histórico verdadeiro com seu local determinado – local determinado é um ponto na superfície da Terra passivo de ser localizado pelas coordenadas geográficas. Aprendi a ler sozinho examinando os jornais que meu pai lia. Sendo o mais novo de nove irmãos tive que “me virar” por conta própria; minhas irmãs não gostavam de ler para mim, preferiam contar histórias, então passei a imitar papai lendo e, aos poucos juntei as letras, formando as palavras. Quando entrei no Jardim da Infância, sabia ler um pouco. Creio que devo a meu pai o gosto por estudar História. Na nossa biblioteca, a metade era de livros clássicos o restante de Direito, já que meu pai era advogado. Também pode ser um dom natural, pois nunca deixei de ter um livro de história em minhas mãos. Posso ler qualquer livro, mas sempre encontro tempo para ler um livro de história, por pura distração seja ela qual for: antiga, medieval, de Portugal, do Brasil ou de Pernambuco.     

 

Divulga Escritor - Em que momento pensou em escrever “Feliciana”?

Melchíades Montenegro - FELICIANA surgiu de um estalo. Em 1996 recortei a Coluna “HÁ 150 ANOS” do Diário de Pernambuco, que narrava um fato extremamente sofrido e chocante. Guardei por 18 anos aquele recorte, em uma gaveta, junto com outros papeis. No decorrer de 2013 escrevi o Livro, ainda inédito, CESÁRIO, cujo tema trata da escravatura no Brasil. Para minha alegria, o livro foi premiado pela Academia Pernambucana de Letras, em janeiro de 2014, na categoria de melhor Livro de Ficção. Em fins de fevereiro, mexendo nas gavetas à procura de um documento, encontrei novamente o recorte do jornal. Nessa hora resolvi escrever não uma história de sofrimento, mas uma história de amor. Aproveitando o período do carnaval, no sábado, 1º de março, iniciei e terminei setenta e três dias depois, concluindo-o no dia 12 de maio de 2014.    

 

Divulga Escritor - Que temas você aborda nesta obra?

Melchíades Montenegro - O tema central de FELICIANA é o amor. O amor de uma mulher negra, escrava no final do século XVIII e início do século XIX com a cabeça de uma mulher do século XXI. O amor de um sinhozinho que consegue driblar as amarras dos preconceitos da sociedade da época, vivendo plenamente sua paixão. O amor dos senhores dos escravos tratando com humanidade aqueles seres que o destino colocara em suas mãos. Também o ódio, a cobiça, a arrogância, a caridade e o amor ao próximo são abordados. Creio que todos os sentimentos humanos são nele tratados, mas com a predominância total do amor.   

 

Divulga Escritor - Como foi a construção do enredo e personagens de seu livro “Feliciana”?

Melchíades Montenegro - Para mim é um mistério. FELICIANA chegou na minha cabeça completamente pronto. Só tive o trabalho de digitar. Interessante é que à medida que escrevia, contava aos amigos como a trama estava se desenvolvia e eles passaram a vibrar com ela e a vida dos personagens. Até o subtítulo do livro me foi sugerido por minha amiga Geruza Carvalho, que ao ler a morte de “Virgílio”, o amor de Feliciana, achou bela a frase “Um Olhar no Infinito” e me sugeriu colocá-la.

 

Divulga Escritor - A quem você indica a leitura?

Melchíades Montenegro - FELICIANA, Um Olhar no Infinito - é indicado para quem se interessa pela paixão proibida entre um Senhor e uma escrava, pelos costumes de um quilombo, um pouco da história de Pernambuco, antigos logradouros da “vila” do Recife, os costumes dos banhos de rio, o sincretismo religioso e descrição das paisagens, que não mais existem. Mas independentemente disso quem apreciar de um bom romance com um toque de realismo, sensualidade e até uma pitada de ação policial, pode ler que com certeza irá gostar.

 

Divulga Escritor - Onde podemos comprar os seus livros?

Melchíades Montenegro - A CHIADO EDITORA de Lisboa, que publicou o livro, disponibilizou os exemplares para o lançamento, que ocorreu em 21 de novembro do ano passado, o entregou nas principais livrarias de Portugal, também disponibilizou em livro digital, mas ainda não conseguiu colocar no Brasil, por conta de aspecto puramente burocrático. Acredito que em pouco tempo estará na rede das Livrarias Cultura e Saraiva.

 

Divulga Escritor – Você vai esta na FLIPO–PE, 2015 autografando o livro “Espreitando o Paraíso”, conte-nos um pouco sobre a obra.

Melchíades Montenegro - O Livro é uma crônica dos 10 (dez) anos em que passei os verões na Vila de Barra do Sirinhaém, com uma abordagem  enaltecendo a natureza e o meio ambiente ainda em equilíbrio com a presença humana, mas que se dilui com a chegada do progresso.

Intercalando os capítulos coloquei algumas aquarelas que pintei durante esse período.

O conjunto dessas aquarelas aparece na contracapa que segue anexa.

Topos os desenhos são de minha lavra.

 

Divulga Escritor – Qual o dia em que vai ser o lançamento na FLIPO?

Melchíades Montenegro - O lançamento esta previsto para o dia 18 de setembro, as 17h, no Hall Muru Muru. Sejam todos bem-vindos.

 

Divulga Escritor - Você é ilustrador de inúmeros livros. Como surgiu o seu gosto pela ilustração cientifica e literária?

Melchíades Montenegro - Não sei! Foi um dom que Deus me deu. Creio que tratei desse assunto em alguma pergunta anterior.

 

Divulga Escritor - Como Vice-Presidente da União Brasileira de Escritores, conte-nos quais os principais objetivos da UBE?

Melchíades Montenegro - A função de um Vice-Presidente é acompanhar e apoiar as ações emanadas do Presidente. O objetivo principal da UBE está na defesa dos escritores. Estas são palavras do Presidente Alexandre Santos.

 

Divulga Escritor - O escritor que desejar participar da UBE como deve proceder?

Melchíades Montenegro - Escrever livros e se engajar no meio literário. Muitos que se associam a UBE não participam do seu dia a dia. É um erro. Os programas e ações da UBE devem ter a participação do seu quadro de associados. Ter só a carteira de associado não é nada.

 

Divulga Escritor - Como atual presidente, (biênio 2014/2015) da Academia de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro – ALANE, conte-nos quais os principais objetivos da ALANE, e como o escritor deve fazer para participar da Academia.

Melchíades Montenegro - Diferentemente da UBE, a Academia de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro – ALANE é essencialmente literária com uma pequena dose de atividade artística, especifico desta forma pela razão de que atualmente 98% dos seus membros são poetas e escritores e só 2% são artistas plásticos. Nosso objetivo principal é a difusão da literatura e da arte do Nordeste Brasileiro, por meio de publicações, palestras e encontros literários. A admissão de um novo acadêmico ocorre quando do falecimento de um dos membros, e sendo anunciada a vacância o candidato se apresenta. É um pouco mais complicado na verdade, com a análise detalhada do currículo, das obras e do perfil do postulante.  

 

Divulga Escritor - Como Ativista Cultural, organizador de Congressos Nacionais e Internacionais, Curador do Evento, FOCCA (Faculdade de Olinda) e UBE (União Brasileira de Escritores), no Encontro Literário - UNIDOS PELA LITERATURA, como você vê a literatura Pernambucana dentro do mercado literário Brasileiro?

Melchíades Montenegro - A literatura pernambucana esta em pé de igualdade com o eixo literário do Sudeste Brasileiro. A quantidade de livros publicados, e de boa qualidade, vem crescendo exponencialmente nos últimos anos. Se olharmos para o passado o orgulho nos enche o coração; vivenciando o presente constatamos a euforia literária que nos cerca e se imaginarmos o futuro, o deleite nos eleva a alma. O que nos falta é condições de mostrarmos o que produzimos, quebrarmos a hegemonia que sufoca a distribuição de nossa literatura. Não digo que toda nossa produção literária é boa, mas existem excelentes escritores assim como também outros nem tanto. Igual a todas as partes do mundo.     

 

Divulga Escritor - Chegando ao final da entrevista, agradecemos a sua participação no projeto Divulga Escritor; qual a sua mensagem final para o leitor?

Melchíades Montenegro - Ler é o melhor remédio para o tédio, aguça a inteligência e exercita a imaginação.

 

Divulga Escritor - Obrigado Escritor e grande Ativista Cultural Melchíades Montenegro, pela sua atenção ao Projeto Divulga Escritor, desejamos-lhe muito sucesso.

 

 

 

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