Minha língua
Minha língua lambe palavras arredias
Lambe faíscas em teus olhos inflamáveis
Lambe estrelas cadentes
Lambe o espaço entre os teus dentes
Lambe o vazio do tempo
E não sai de dentro
Daquele outro tempo que me deste infinito
Lambe borboletas que vagueiam em teu destino
Tropeça em tuas coisas tristes
Minha língua está plantada em tua pele
Como erva cresce
Em tuas terras férteis
Minha língua não te deixa em paz
Até que te sacies
Conheça o doce, salgado, acre do teu céu