NAUFRÁGIO
Arrastei as redes
Do meu barco perdido
Num mar que não se solta
Da água que a vida assim castiga
E não me quis mais junto de ti
Afastei-me de mim e do mundo
Perdi-me na ausência de tanta imensidão
A luz do farol cegou o meu rumo
Com rosas negras da minha paixão
Pisei a areia num passo condenado
Respirei a poeira no alento da vida
Bebi o sangue de uma alma perdida
Na cerca das rochas entorpecidas e sem saída
Amarrei a minha vida ao fio de um mistério
Mergulhado na dor, na fome e na perdição
Onde só as ninfas me tiravam desse inferno.
Fiquei ali prisioneira de um destino
No ressoar do eco forte no mar alto
Onde te exoneras de ti e da própria vida
E questionas o preço da tua existência
Nas tábuas sucumbidas desse barco
Que me adormeciam para a eternidade
E um sopro brando vindo do céu
Rasgou e deu força às minhas veias
Remei até ao mar do encanto das sereias
E elas abraçaram-me até aqui.
Maria de Lurdes Silva Maravilha
Publicado em 28/05/2014