O MAR À JANELA
Da janela do apartamento
Joãozinho olhava o mar.
Olhava o mar e perguntava:
- Que é aquilo?
A ele respondiam:
- É o mar.
Da janela do apartamento
Joãozinho olhava o mar.
Olhava o mar e dizia:
- O mar é tão lindo.
A ele diziam:
- É... É lindo.
Da janela do apartamento
Joãozinho olhava o mar.
Olhava o mar e pedia:
- Deixa descer pra olhar o mar?
A ele respondiam
- Não. Não pode.
Da janela do apartamento
Joãozinho olhava o mar.
Olhava o mar e perguntava:
- Posso ir pegar no mar?
A ele respondiam:
- Não. Nem pensar.
Da janela do apartamento
Joãozinho olhava o mar.
Olhava o mar e questionava:
- Por que não posso ir tomar banho no mar?
- Não. É perigoso.
Da janela do apartamento
Joãozinho olhava o mar.
Olhava o mar e definhava.
E definhava...
E definhava...
E definhava...
A janela continua lá.
O apartamento continua lá.
O mar continua lá.
Mas... E Joãozinho, cadê?
Joãozinho?
Joãozinho jaz.
Jaz sem ter sentido o mar.
Jaz sem ter pegado no mar.
Jaz sem ter tomado banho no mar.
Mas uma coisa Joãozinho fez.
Alguém disse.
Disto ninguém pode reclamar.
Continuou dizendo.
Olhou bastante para o mar
Da janela de seu apartamento.