O Problema II - por Mirian M. de Oliveira

O Problema II - por Mirian M. de Oliveira

O PROBLEMA II

 

Acredito que a frase que citarei não soará estranha aos seres humanos em geral, entretanto educadores, como pais e professores, possuem o “privilégio” (Esta palavra possui múltiplos sentidos, assim como todos os vocábulos contidos nos dicionários!), pois bem, educadores possuem o privilégio de sempre ouvir essa frase de uma criança:

_ Esse lixo não é meu!

MEU DEUS! O que significa isso?

A situação, às vezes, não é tão complicada assim: há um papel amassado no chão, pronto para ser retirado. Você só tem que pegá-lo e direcioná-lo à lixeira (dos recicláveis, se for possível!)... Simples, assim!

_ Esse lixo não é meu!

Penso com meus botões:

“OK! Esse lixo não é seu, não é de ninguém... deve ser meu! Tudo bem! Não produzi “esse” lixo, mas o jogarei na lixeira, afinal de contas, compartilho minha existência com outros seres do Planeta e como não dá para transportar “lixões”, para outras galáxias e nem “jogar fora” algo que orbita, devido à questão da gravidade; da atmosfera e de outros fatores, que só os cientistas da área conseguem explicar... o correto é tentar minimizar a situação. Como o PROBLEMA não é de ninguém, isso significa que ele é nosso!

Não sei por que tomo essa atitude, mas não posso ver produtos caídos das prateleiras dos supermercados. “Perco” um tempo enorme, pegando o que não derrubei...

_ Pare com isso, garota! Deixe que outra pessoa pegue! – frase proclamada por uma vizinha.

_ Não consigo! Acho que tenho problema, aliás... acho que tenho muitos problemas! Não consigo pular por cima do objeto.

Avante com o falatório...

A frase “Esse lixo não é meu”, já me instigou tanto, que, por diversas vezes, me agachei, apanhei o “dito cujo” e o joguei no local correto, não sem “antes”  resmungar:

_ Verdade! Esse lixo não é só do outro! É meu também, infelizmente...

Deixem para lá!

Redirecionando TOTALMENTE O FOCO, sem fugir da palavra PROBLEMA, outro dia, observei uma situação bem interessante e estressante, na enorme fila da Casa Lotérica... Sabe como é... Justa Greve dos Bancários... Boletos a pagar... FILA!

Sim, FILA! Consegui repassar todos os itens da lista de compras; reorganizei minha rotina do dia; anotei algumas frases que me vieram à mente; pensei nas provas que teria que corrigir; repassei o extrato bancário; listei as pessoas doentes que teria que visitar; olhei no calendário; realizei cálculos mentais... Sem falar, no processo de escolha do cômodo que primeiro limparia ao chegar em casa... Mulher quase não tem nada para fazer, não é verdade?  Ah, ainda arquitetava o melhor dia de agendar horário no Salão de Beleza, pois ninguém é de ferro...

Depois de meia hora, eu já não tinha mais o que fazer a não ser esperar, para deixar grande parte de meu salário no caixa e olhar para a fisionomia das pessoas que se encontravam na mesma fila... Meu cérebro é assim, mesmo... Efervescente!

Quarenta minutos... cinquenta minutos... uma hora...

O rapaz chegou com o filho pequeno e disse:

_ Fique aí que eu vou resolver umas “paradas”!

“Que medo! Medo das “paradas”, mas, principalmente, do fato de haver um menino sozinho por perto!”

As pessoas da enorme fila, porém próximas ao local da “situação instalada”, entreolharam-se com espanto... Quanto a mim, olhei para o garoto e pensei:

“Será que teremos que tomar conta desse menino, enquanto o pai resolve as “paradas?”  Que “paradas” são essas? E se o rapaz for embora e deixar a criança aqui? O que faremos?

O menino era uma graça (Com certeza, não era um problema! Era uma bênção!), mas teríamos nós que olhá-lo? Sim! E o medo que se apossou de cada um? O rapaz mal acabou de falar e sumiu... Dez minutos de observação incansável! Ninguém descolava os olhos do garoto!

Dez minutos! Ou seriam dez horas?! A teoria da relatividade é capaz de explicar!

_ “Bora”, moleque! Não consegui resolver as “paradas”!

Não! Ele não abandonou o menino! Pelo menos dessa vez, não!

Os cidadãos descansaram o olhar; poderiam retornar aos seus pensamentos...

Quanto a mim, retomei uma crônica pela metade, refletindo sobre a velha questão dos valores!

Difícil, não?!

Difícil, nada!

Difícil é ter que se reconstruir diariamente!

Por falar nisso, interessante a questão dos pronomes possessivos:

MEU, SEU, NOSSO...

 

 

 

 

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