PALAVRA ESQUECIDA
Juventude, abarcando o mundo.
Instável. As ilusões vividas
Noites boemias que se faziam tudo
Dias longos. Ressacas doloridas.
Como poeta, um Eu que cochichava
Ditava os versos. O amor escrevia
E quando errado me abandonava
Era cruel, e com isto me redimia.
Tempo passou. As coisas assentaram
Os porres foram trocados por dinheiro
De sobra e de falta, que financiaram.
Na realidade. Falso companheiro.
Casa e família, outra realidade
Trabalho dia e noite sem parar
Ressaca por responsabilidade
Alternavam o que fiz, meu pensar.
Falta sussurrada me seguia
Por mais que quisesse não lembrava
Gritava pro meu Eu. Respondia
Mas não o ouvia. O dia a apagava.
O tempo passa frio a revelia
Do que pode um homem programar
Não posso reclamar. Sim, valia
Pois fiz o mundo me respeitar.
Hoje, já não tão jovem pensava
Que, não mais correndo posso andar
E os sonhos loucos que acalentava
Os razoáveis. Consegui realizar.
Mas o que ainda me amofinava
O som que oculto a me atormentar
Meu Eu falava, mas não o escutava
Criando esta angustia de algo faltar.
Noite solitária penso a vida,
Objetivo que pude esquecer?
Meu Eu poeta, disse: em voz condoída!
-Foi quase tudo, faltou viver.
09/02/2012
tony-poeta pensamentos
Página de nosso colunista Antônio Carlos Gomes
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