Perto de Deus - por Helena Santos

Perto de Deus - por Helena Santos

PERTO DE DEUS

 

Gosto de estar perto do céu ou de Deus, quando me sinto sem chão. Por isso, escalei a montanha mais alta que os meus olhos alcançaram.

Fui à procura de ti, ao encontro de mim.

Encontrei um céu azul alegria, umas nuvens transparentes e um sol ardente, mas consciente de que embora me encontrasse só naquele lugar perdido de tudo, era frágil e ele teria de ser prudente. O vento não me castigou a pele delicada como uma flor, própria de quem se alimenta de amor. Em vez disso, refrescou a minha mente que fervia de tão impaciente e ansiosa, por não saber que desfecho teria a minha incessante procura. Sabia que podia terminar numa queda vertiginosa.

À chegada, avistei um Condor. Elegante nas suas vestes, corpo cuidado e discreto. De longe, observou-me. Todos os meus movimentos controlou, mas não se manifestou, como se não quisesse interromper um ritual. Então, simplesmente esperou, voando em círculos, mantendo uma certa distância como se estivesse a proteger-me ou apenas a dar-me as boas vindas, com algumas subtis piruetas.

Ali estava eu, entregue nem eu mesma sabia a quê ou a quem. O silêncio que ouvia, enchia-me a alma de certezas incertas e o horizonte aos meus pés, mostrava-me caminhos inexistentes. Estava espiritualmente perdida, com dois meios de salvação: a beleza da natureza nas suas formas e cores e um Condor que desde o início me adoptou, assim o senti. Cheguei com as mãos cheias de nada, mas regressaria com o coração cheio de tudo… tinha me prometido.

Munindo-me de toda a força que me restava, gritei perguntas ao Universo, esperando que as respostas chegassem em eco. O eco chegou, mas as respostas não as facultou. Uma lágrima rebolou pelo meu rosto. O Condor que tudo observou, de mim se aproximou e fixando os meus olhos, perguntou o que fazia ali uma delicada flor que aparentava ser um forte, mas carregava tanta dor.
Respondi que procurava um amor perdido, que já tentara resgatar e não havia conseguido. Disse-me que o amor nunca se perdia e nunca se ganhava, simplesmente se sentia e que o meu sempre esteve comigo. Sugeriu que sentisse como enchia o meu coração e veria que nada tinha sido em vão.

Regressei à vida no dorso de um Condor, que me mostrou que nunca há lugar para a dor, sempre que a prioridade for o amor que sentimos, não o que gostaríamos que alguém sentisse por nós e que só assim poderemos nos vestir de serenidade.

Helena Santos

 

 

 

 

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