Pisando nas folhas secas...e bebendo sabedoria no oásis do Sertão! – Nos caminhos de Guimarães Rosa! - por Daniela Gebelucha

Pisando nas folhas secas...e bebendo sabedoria no oásis do Sertão! – Nos caminhos de Guimarães Rosa!

 

Hoje estou a lembrar da grande alegria e satisfação que tive quando transitei pelos solos instigantes do Sertão e do Cerrado Mineiro. Visitando amigos na região de Belo Horizonte, tive a oportunidade de conhecer Cordisburgo, cidade natal do Grande Escritor Brasileiro João Guimarães Rosa, que dentre suas variadas obras, destaca-se o romance “Grande Sertão: Veredas”.

Chegando a Cordisburgo pela Estrada Velha, a sensação de melancolia é intensa: o Sertão, como é chamado pelos sertanejos locais e suas magníficas paisagens típicas são vivenciados nas obras do escritor, regiões montanhosas e áridas dão espaço à vegetação que vai se adequando ao calor intenso e as poucas chuvas anuais. Em torno de aproximadamente oito períodos de chuvas ao ano, neste ano ocorreram apenas três períodos.

Tudo é muito seco e com pouco verde, de vez em quando, no meio da vastidão do sertão, uma que outra árvore de Ipê Amarelo florido nos encanta, enchendo nosso coração de vida e esperança.  O canto da seriema é lindo e abrilhanta o silêncio do alvorecer.

Entrando na cidade, o Portal Guimarães Rosa e os seus personagens nos fazem viver um pouco da história contada há aproximadamente cinco décadas pelo escritor. Ruas e casas antigas, portas grandes de alvenaria são cenários da simples e hospitaleira cidade. É natural encontrar sertanejos conversando pelas calçadas, de vez em quando, um ou outro em uma bicicleta ou em um burrinho. Meninos jogando pelada na rua! A maldade ainda não chegou por aqui ou se chegou foi atropelada.

A família do escritor vivia em Cordisburgo, local em que passara sua infância. A casa era nos fundos do comércio do pai, que ficava em frente à estação de trem. Atualmente, a casa é um ponto turístico na região, nela encontram-se objetos usados pela família de Guimarães Rosa.  

Por sua influência intelectual, João foi reconhecido no exterior, viveu em várias cidades e ao retornar ao Brasil, voltou ao sertão, local em que acompanhou os sertanejos em suas atividades cotidianas, costumes, crenças e escreveu as novelas: Manuelzão e Miguilim, No Urubuquaquá, no Pinhém e Noites do sertão. Depois disso, ele inova seus escritos escrevendo o romance “Grande Sertão: Veredas”, obra que o leva ser reconhecido como a terceira geração do pós-modernismo. Em suas obras, descreve o Sertão tanto o físico quanto o psicológico.

Rumando à cidade de Curvelo (em direção ao cerrado) pelo caminho percorrido pelos personagens sertanejos do escritor, avista-se ao longe a “Pirâmide do Sertão”, a montanha mais alta em formato de pirâmide. Ela é o cenário da história do Miguilim, menino que queria saber o que havia no outro lado da montanha. Estive ao pé dela, é emocionante! É algo tão grande, mas tão pequeno diante do vasto Sertão!

            O pôr-do-sol é incrível, quando vai caindo à noite começa a esfriar e durante o dia faz muito calor. A noite do Sertão é maravilhosa, o céu azul nos encanta e as estrelas parecem estar muito próximas.  O cheiro da terra é inexplicável! As belíssimas veredas com palmeiras imperiais são verdadeiros oásis em meio ao deserto. 

Na culinária, saborosos pratos a base de queijo Minas, pimentas diversas e pequi. O chimarrão foi novidade para amigos mineiros.

            É linda demais a fé desse povo! Povo mineiro! Povo do sertão!  Povo que acredita, que sonha, que luta, que ama, que vive! Quem conhece esse lugar não tem como sair igual! Agora entendo as palavras do Guimarães quando falava da grandiosidade e da beleza do Cerrado e do Sertão. A transcendência ocorre naturalmente, pude beber inspiração no oásis do Sertão, talvez algum dia possa escrever com tamanha sabedoria como a do grande Guimarães Rosa!

"Quando escrevo, repito o que já vivi antes. 
E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente. 
Em outras palavras, gostaria de ser um crocodilo vivendo no rio São Francisco. Gostaria de ser um crocodilo porque amo os grandes rios, pois são profundos como a alma de um homem. 
Na superfície são muito vivazes e claros, mas nas profundezas são tranqüilos e escuros 
como o sofrimento dos homens." Guimarães Rosa

 

 

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