PÓ DE ESTRELAS
Viajei deixando meus rastros no pó das estrelas
E admirei as montanhas majestosas, verdadeiras
Livres de pontapés, pois só se tropeça em pedras
Perde encostas se repõe império sujeito à quedas
Sufoquei o baú dos sonhos para viver sem saudade
Deuses e terras lendárias bordados em majestade
Observei fria e distante pensando viver sem ser
Essa metamorfose serena em raios de amanhecer
Ouvi a transpor paredes de vidro, violinos em sinfonia
Mãos de serafins dedilhando as cordas do esplendor
Ignorando os crepúsculos entoando canções de amor
Em notas de sapiência nas pautas da melodia
Encantei-me nas imensas ondas do bravo mar
O vasto domínio dos oceanos no comando soberano
O sal de suas entranhas queimando o lacrimoso olhar
Ao longo percurso dos rios que correm livres do insano
Olhei ao longe a noite de belas estrelas, a girar no circular
Pintando quadros fantásticos salpicados de prata da lua
Em caminhos das galáxias o céu tecido em doce amar
E quando as fases declinam no breu a criação continua
Contemplei a tudo e todos, mas nunca me admirei
Esquecida de me amar seguia em torpes silêncios
Pedras não impediam foi sorrindo que chorei
Meu espelho reclamava e meu consolo eram lenços
Encontrei-te poeta amado nos versos do alvorecer
Enfeitamos nossa rede com flores da primavera
Farfalhei as convivências com pétalas de bem querer
Engravidei de beleza e recuperei as quimeras
Elair Cabral
22/07/14