QUANDO O UNIVERSO CONSPIRA A FAVOR...
MIRIAN MENEZES DE OLIVEIRA
Não! Não há fórmula, nem previsões que antecipem o nascimento de uma crônica.
Crônicas são gêneros textuais que surgem de situações cotidianas, aparentemente, comuns, mas que encerram em si o poder de reportar-nos a possibilidades de reflexões. Para mim, crônicas são textos simples, porém mágicos, capazes de transformar nosso cotidiano em uma caixinha de surpresas.
Pois aqui temos uma crônica “nascida” de uma situação comum, porém repleta de riquezas de elementos.
Vamos aos fatos...
Era uma sexta-feira... Os estudantes do 5º ano C já haviam saído da maravilhosa Sala de Leitura da Escola, muito contentes, e participaram das Aulas de Artes, das quais, por sinal, gostam muito.
Com base em meu planejamento, tinha, logicamente, uma sequência a seguir.
Consegui?
Digamos que o estabelecimento da “rotina” ofereceu-me subsídios, para organizar a “arquitetura” das aulas, entretanto, no percurso, surgiram variáveis, que desviaram o trajeto planejado.
Isso, realmente, é fantástico! A construção de conhecimentos não ocorre em processo linear e “surpresas” podem ocorrer “no decorrer do caminho”.
Quando já me encontrava “prontinha” para ler um texto de divulgação científica, articulando Português e História, eis que surge um elemento novo:
_Professora, vem ver o bicho pegando a abelha do lado de fora da janela! Demais! Parece que está caçando!
“Pronto! Lá se foi texto que planejei”!
Realmente, nada está sob controle!
Quase todos os estudantes correram para a janela, para visualizar a cena.
“E agora?” – pensei.
Respirei fundo, pensei por alguns segundos e abri minha bolsa. Fiz algo que amo: acionei a máquina fotográfica, ajustei o Zoom e perguntei aos expectadores da cena:
_ Onde se encontram os bichinhos?
_Ali, professora! – disse Rafael.
_Tudo bem! Com licença, pois preciso registrar este momento e a máquina não pode tremer.
_A senhora vai fotografar? – perguntou João Victor.
_Não posso perder esta chance.
Depois de alguns segundos, consegui focalizar os dois protagonistas do mundo animal, através da janela e captei três cenas em tempo real.
Rafael e colegas ficaram muito curiosos:
_ O que vai fazer, professora? _ perguntou um estudante.
_Ainda não sei, mas vocês terão uma surpresa, pois, além de me proporcionarem fotos interessantes, despertaram, em mim, algumas ideias.
Na verdade, eu ainda não tinha ideias prontas... nem sabia no que resultaria aquele momento.
A única coisa que sabia é que levaria comigo diversos questionamentos e a certeza de que aprender é este contínuo processo de busca. As questões são mais importantes do que belas respostas!
Quanto às variáveis, os fatos acontecem de maneira inesperada, mas, ao mesmo tempo, organizada.
Grande e belo Universo! Maravilhosos pontos de interrogação!
Por hora, tenho muito a agradecer pelas fotografias, pela crônica e por esta nova vertente de estudos!
Obrigada, Rafael!
Obrigada, estudantes do 5º ano C!
Saibam que os pontos de interrogação possuem a tendência de se multiplicar!
Nunca saberemos “tudo”, mas teremos sempre muito a aprender, por isso a importância de de dois substantivos: humildade e abertura.
Há um mundo todo para se descobrir e isto é fantástico!