Ser ou não testemunha da História - por Luiz Ernesto Wanke

SER OU NÃO TESTEMUNHA DA HISTÓRIA.

                                                                              Por Luiz Ernesto Wanke

 

                               Queiram ou não, a História no seu sentido amplo passa por nós. E podemos ou não, embarcar nela. O termo embarcar aqui está colocado no sentido de registrá-la, mesmo porque sem o devido registro não existe História. Trato aqui não só da História dos livros didáticos que aprendemos nos bancos escolares, mas da que aconteceu no dia a dia e interfere nas nossas vidas. É necessário tanto que a História passe por nós como nós passemos conscientes por ela.

                               Esse registro pode até ser oral. Mas o ideal será que seja feito num meio perene como a imprensa. Os registros feitos nos jornais são fontes permanentes e consistentes para a memória dos fatos.  

                               Um exemplo é o Padre Belchior, presente no ato da independência de nosso país. No meio dos acompanhantes da comitiva, foi o único que participou ativamente daquele ato simbólico, dialogando com o protagonista, recolhendo os documentos importantes trazidos pelo estafeta da corte e que o raivoso D.Pedro I atirou no chão e pisoteou-os.  Mas o importante foi sua atitude de, quatro anos depois, relatar (e registrar) o acontecido. Sem essa iniciativa hoje não tínhamos como referenciar o sete de setembro. Mesmo que depois o padre tenha sido ignorado no quadro de Pedro Américo e pior, castigado com um desterro pelo próprio imperador. Mas seu importante registro ficou.

                               Falo isto porque agora estou lançando um livro sobre uma experiência de ter fotografado um desses fatos históricos em 1982, em Ponta Grossa, Paraná, quando vimos pela janela de minha casa o começo da Guerra das Malvinas. No dia 21 de abril daquele ano, dois aviões em perseguição passaram por cima de nossas cabeças. O perseguido, era um Boeing 707 adaptado para espionagem que saindo da Argentina, chegou bem perto da frota inglesa que descia o Atlântico para retomar o grupo de arquipélagos invadidos pelos argentinos. Identificado pelos radares do Porta Aviões inglês HMS Hermes, um avião Sea Harrier inglês saiu no encalço do Boeing e na ocasião ambos invadiram o espaço aéreo brasileiro sem que nossas autoridades soubessem. Nesse dia e na cidade de Ponta Grossa, fotografei as respectivas esteiras: no leste não dava para enquadrá-las, mas no oeste já pude coloca-las numa mesma foto. Evidentemente, por estarem voando em espaço aéreo brasileiro não houve tiros e o Boeing argentino pode seguir adiante até seu país.

                               Então para ‘fazer’ História basta observar e anotar? Não, há que ter credibilidade! Em outras palavras, se municiar de evidencias e provas que possam comprovar a tese. Sem isso, existe a possibilidade de um registro inconsistente e do fato cair no ridículo e ser taxado como uma teoria da conspiração, uma mentira de primeiro de abril ou até ter uma falsidade com intenções espúrias.

                               No caso do meu livro, coloquei as muitas evidencias que apontam para essa invasão aérea do espaço brasileiro. São consistentes, tanto que será impossível descarta-las, mas a prova definitiva só virá quando forem reveladas as coordenadas desse encontro. Isto está prometido – vejam vocês – para 2084! Aliás, os ingleses já revelaram muitos segredos da Guerra, como o uso de submarinos e cargas nucleares (proibidas por tratados internacionais no Atlântico Sul), mas omitiram o lugar desse primeiro embate. Implica que a falta de informações britânica sobre essa interceptação aérea é mais uma forte evidência dessa nossa tese.   

                               O QUE FOI AMPLAMENTE NOTICIADO:

                               No caso do meu livro, em princípio houve dois episódios a considerar: o primeiro em alto mar, amplamente divulgado pela mídia: “um Boeing argentino, voando baixo para evitar os radares, chegou a uns vinte quilómetros da frota inglesa”. Identificado no HMS Hermes, levantou voo em perseguição um Sea Harrier. Perseguido, o Boeing fez o que podia, isto é, subir. Depois, o piloto inglês declarou para a mídia: “Quase encostamos as asas... Podia abatê-lo, mas quando o abandonei, rumava para o oeste.” Ora, se estavam em alto mar, na altura do litoral do Paraná, oeste era justamente o território brasileiro. E se o avião argentino invadiu o espaço aéreo do Brasil, o caça inglês que o seguia também o fez!

                               O QUE VIMOS:

               O segundo fato ocorreu na perseguição fotografada pelo autor, isto é, as esteiras de dois aviões voando tão alto que não apareceram nas fotos que tirei. Meu objetivo foi provar que estes dois episódios eram o mesmo. Como? Verificando as evidências dos dois fatos: os dois episódios – o que vimos e a interceptação aérea - aconteceram no mesmo dia e o horário! As esteiras também tinham trajetórias convergentes. O sentido dos aviões coincidiu: os aviões vieram do leste (oceano) para o oeste (Argentina)... A esteira do Boeing – que passou primeiro – era mais volumosa que o do caça, fina e aguda e a velocidade do perseguidor era maior que do perseguido.

                E NOSSAS AUTORIDADES SOUBERAM?

                Se no meu livro afirmo que nossas autoridades não souberam dessa invasão ao nosso espaço aéreo, como sei?  Depois da guerra escrevi ao Cindacta perguntando justamente isto. A resposta da instituição que vigia nosso espaço aéreo foi conclusiva, isto é, ‘que não tiveram conhecimento do fato’.

                Pronto! Podem soar as trombetas e bater os tambores! Por tudo isto, proponho – solenemente – que todo dia 21 de abril seja o bendito DIA DE SE OLHAR PARA O CÉU...

Simples assim!

O LIVRO, ‘MALVINAS:O DIA QUE VIMOS COMEÇAR UMA GUERRA’ - PREÇO: R$ 25,00 – DISPONÍVEL NA LIVRARIA CULTURA SP e nas LIVRARIAS CURITIBA.

 

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