Ter ou Ser - por Carmen Jacques Larroza

Olá amigos!
 
    Confesso, só para vocês, estou com saudade dos queridos leitores, que gastam um tempo lendo, estas crônicas, de minhas leituras do mundo, da vida...    Obrigada, de coração, por isso. Sei que muitos concordam com elas e outros tantos não. Quem sabe a maioria pensa totalmente ao contrário? É bem provável. Afinal, cada um tem sua história e sua maneira de ver e conduzir a vida. Não sei! Não sei, porque ninguém comenta, nem opina. Só sei que leem. Agradeço.
   Hoje, nesta manhã fria e chuvosa, aqui no sul do sul, quero contar uma história. Verdadeira? Desconheço. Apenas sei que, este texto, nos leva à reflexão do que estamos fazendo com nossa vida, com que e com quem estamos gastando nosso tempo e ou desperdiçando-o.
    Por sinal, diga-se de passagem, ele é muito breve neste mundo. Embora, muitos ultrapassem os cem anos, a vida é curta, se comparada à eternidade que nos espera e que não nos permite voltar atrás e reconstrui-la de modo diferente. O que foi feito, fez-se e pronto. Bem, vamos à história:
             No leito de morte, um homem fez três pedidos.
O primeiro, que seu caixão fosse carregado pelos melhores médicos da época; o segundo, que todo o seu tesouro, que era imenso, quase incontável; fosse espalhado pelo caminho até seu túmulo. E, por fim, o terceiro, pedia que suas mãos não fossem enterradas. Que ficassem para fora, de modo que todos as pudessem ver.
 Surpreso, o médico perguntou o motivo de pedidos tão, digamos, inusitados. Com o último fôlego de vida que lhe restava, o moribundo esforçou-se  para explicar.
- Quero que os melhores médicos me carreguem, para ensiná-los que por mais inteligentes e estudiosos que sejam, não têm o poder de restituir a vida, pois só um é seu Autor. 
Quero que meus tesouros sejam espalhados, porque não compraram minha vida, nem restauraram minha saúde.
E, por fim, quero que minhas mãos fiquem expostas, para que todos vejam, que da vida nada se leva. Nascemos e morremos com as mãos vazias.
   Grande ensinamento retiramos daqui, para praticá-lo. Uma ótima lição de vida.
Vejamos. Médicos carregando uma esquife, mostra-nos que a ciência é limitada, ainda que crie gente, está impedida de matar a morte. Se somos impotentes diante da morte, por que a prepotência do saber? O avanço da medicina e da ciência muito contribuem para a vida. Graças a Deus. Muito dependemos delas! Porém são limitadas, por mais que se esforce, todo o homem é um subalterno. Vai até onde o Superior o permite. 
Um segundo aprendizado: não importa o tamanho do nosso saldo bancário. Existe o grande Eu Sou que nos ensina, através da sabedoria de Salomão "que tudo são vaidades." 
    Infelizmente, essas vaidades, estão destruindo famílias. Como? Ao correr atrás de fama, do sucesso, de um maior poder aquisitivo, de um consumismo desvairado para ter, ter e ter mais, abre-se uma brecha sem igual. Um vazio, que se busca preencher com o compulsório prazer de obter. Compra-se, compra-se e ele volta e tornamos a comprar... O círculo vicioso torna-se um companheiro inseparável. Muito amigo!
    Casais e filhos carecem de tempo para se olharem, se tocarem, se abraçarem, para um "eu te amo", um boa noite, um Deus te abençoe, uma refeição onde as regras de etiqueta são quebradas, pelo prazer de estar juntos, conversando, rindo e contando a história do seu dia.
   Colo e seio de mãe são substiuídos por pessoas estranhas, que, friamente, entregam o leite quentinho, a quem precisa mais é de uma canção de ninar. Atenção e brincadeiras de pais são substituidoas por controles remotos e telas frias. Tudo em nome do possuir. Ou será do competir?    Este homem da história viu que nada valia sua fortuna, por isso deixou-a no meio do caminho  e na areia imunda de um cemitério.
  Portanto, que não incorramos nos mesmos atos da personagem. Se, por acaso, já estamos nesse caminho, voltemos e sigamos por outro. Talvez mais estreito, mais árduo... Entretanto, mais humano, mais terno, amoroso, solidário, menos avarento e vazio. Ainda há tempo. Voltemos e nasçamos de novo. 
Recomecemos a cada dia, um novo dia, "um dia gente", quando o sol vier nos saudar. Ainda que ele esteja triste, ofuscado pelo não poder brilhar, breve voltará. Não é porquê se ausentou, que deixou de existir. Irradia, em outros lugares, a força da sua luz. Não é pela sua impotência localizada, que ele se apaga e deixa de brilhar. É apenas um momento de "fragilidade, suor e lágrimas", frente às nuvens que teimam escondê-lo, aqui, ali ou acolá, em cárcere privado.  Metonimicamente, o sol somos nás e as nuvens os problemas que que, geralmente, nos assustam e não permitem que  vejamos, que o sol voltará. Que nunca deixará de brilhar em algum lugar do universo... 
  Brilhemos. Sejamos perseverantes e busquemos fugir desta prisão envolvente, que nos impede de valorizar o ser pai, mãe, avô, irmão, filho, amigo, solidário, ... Que nos impede de sermos felizes com o que temos. Vivamos com o tesouro que não se larga na areia de um cemitério. Vivamos sem "correr atrás do vento", que corre, corre e se abraça à muralha, que o manda de volta, pois não o quer... Lembremos que nascemos e morremos de mãos vazias. Que só um é o Autor da Vida.
 
 
 

 

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