O desvio espaço-tempo dos romances distópicos - por Maurício Duarte

 

O desvio espaço-tempo dos romances distópicos
 
 
        O que de libertário existe na ficção científica?  A ficção científica
se presta a uma abordagem underground ou fora dos padrões do status
quo?  Á parte os futurologismos da literatura de ficção científica que
fizeram-na uma das maiores profetizas dos estilos de vida e cultura no
que tange à tecnologia e modos de vida nunca antes vista, muitos anos
antes de acontecerem realmente, a ficção científica tem um viés
extremamente atrelado à sociedade de consumo e à produção do consumo
como um todo.  Digo isso porque, depois de Matrix, o filme dos irmãos
Wachowski, se tornou moda reportar-se à ficção científica de Matrix
como abertura de mundos e à cessação de ilusões (literalmente) da
cultura de consumo.  Porém há que colocarmos as coisas no seu devido
lugar, uma ficção de cunho distópica (como Matrix, por exemplo) não é
a clássica aventura de ficção científica que conhecemos, como a série
Perry Rhodan; 2010, Odissey two de Arthur C. Clarck ou até Viagem à
Lua de Júlio Verne.  Trata-se de um mundo mais próximo de uma aventura
pós-apocalíptica como Mad Max ou de um futuro cyberpunk como Blade
Runner.  Nessas realidades, “as coisas deram errado” e o que é
corrente foi parar num desvio espaço-tempo, em geral, aberrante e fora
dos nossos padrões de real.
        É o futuro de 1984 de George Orwell ou de Admirável Mundo Novo de
Aldous Huxley.  Pois muito bem, não é que o “filão das distopias”
agora está nos brindando com novos títulos de novos autores que não se
fazem de rogados e se colocam como a nova onda de literatura de
entretenimento?
        A economia se desmaterializando em signos e símbolos culturais não é
mais ficção científica nem futurologismo, é o aqui e o agora de 2014
que se coloca para todos nós, o status quo, mais uma vez, abarca os
seus pequenos desvios de underground e os vomita de volta na nossa
cara, na própria literatura – ó baluarte da cultura erudita o que
fizeram de ti?  Desde que o Grande Irmão (Big Brother) se tornou
designação para programa de reality show da TV, o que se poderia
esperar da pequena literatura dita especulativa dos modos de vida no
futuro?
        Mas, como diria Robocop, no clássico policial futurístico dos anos
1990, “eles consertam tudo” e o nosso imaginário sempre será recheado
de histórias como a do Vingador do Futuro em que sonhos se revelam
pré-programações compradas para se viver uma vida de aventuras em
Marte.
        Os temas em questão, foram destrinchados ao máximo com autores como
William Gibson (Neuromancer e Count Zero) e John M. Ford (Fugue State
e The Dragon Waiting) que ofereceram-nos grandes obras de literatura,
levando o signo a voltar-se para o daydream (o mecanismo de controle
da imaginação) das massas para a vida cotidiana das populações em
geral.
        Agora novo ciclo de autores vem à carga.  Diga o leitor, se estiver
disposto, de que estofo é feita a nova ficção de romance distópica e
se vale a pena lê-la!
 
 

publicado em 15/03/2014
      

 

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