PENDURA
Logo que saiu para trabalhar, a mulher lembrou que havia esquecido de pendurar as suas roupas no varal para secar. E justo num dia ensolarado.
Ficaria confinada no apartamento, lavando e pendurando roupas alheias enquanto as suas estavam acumuladas na bacia, sem ninguém para estendê-las.
Pensar nas roupas molhadas incomodou a mulher durante o dia inteiro, pois sabia que quando chegasse em casa, o sol estaria se pondo.
O sol, que iluminou roupas alheias, secou os tecidos a ponto de deixá-los macios ao toque. E quando finalmente terminou o seu expediente, não havia mais sol para secar as suas próprias roupas.
Então, a mulher passou na mercearia e comprou mantimentos. E a única coisa que conseguiu fazer para si mesma foi pendurar a sua conta com o dono do estabelecimento. Hoje pendurou os mantimentos que comprou, amanhã penduraria as roupas no varal.
Crônica do livro “Um pindaíba nunca está sozinho”